Não há alternativa adequada às tecnologias da Huawei na Europa, segundo acadêmico italiano

Segundo Fabio Massimo Parenti, a gigante de telecomunicações chinesa está fortemente presente no mercado europeu desde o 4G, e a relutância da UE e do Reino Unido em bani-la comprova isso.
Sputnik

Fabio Massimo Parenti, professor de geografia econômica e política no Instituto Internacional Italiano Lorenzo de'Medici, em Florença, Itália, diz em entrevista à Sputnik Internacional, que as repetidas tentativas de Washington de expulsar a Huawei do mercado europeu não é nada menos do que um "jogo competitivo" de longa data entre a China e os EUA.

Ele acredita que Washington ainda está "se aproximando das mudanças econômicas mundiais de acordo com uma mentalidade de Guerra Fria", e está vendo Huawei como uma ferramenta do Partido Comunista da China.

"Riscos de segurança, supostos e alegados, nunca foram provados", destaca o acadêmico. "É por isso que, com cada análise, o Reino Unido e muitos outros países se moverão ainda mais para cooperar com Huawei para novas infraestruturas de telecomunicações. Cada país está definindo a possibilidade de aumentar o controle sobre as novas infraestruturas, como decidido meses atrás pelo atual governo italiano", reforçou.

De acordo com Parenti, os países europeus têm uma boa razão para se apegarem à empresa tecnológica chinesa.

"A presença atual dos dispositivos Huawei, equipamentos de telecomunicações e laboratórios de pesquisa na Europa é uma realidade sólida, evoluída nos últimos 20 anos", explica. "Em quase toda a Europa, a Huawei garantiu importantes fluxos de investimentos, empregou locais e participou dos planos nacionais de desenvolvimento das telecomunicações. As redes 4G têm sido construídas frequentemente com a Huawei."

Parenti diz que a Huawei é "a empresa mais inovadora para desenvolver infraestruturas de telecomunicações de alta velocidade" com preços razoáveis.

Não há alternativa adequada às tecnologias da Huawei na Europa, segundo acadêmico italiano
"Dito isto, não é surpreendente que a recente autorização do Reino Unido se abra finalmente às tecnologias 5G da Huawei para a construção de infraestruturas nacionais", salienta. "Também não pode ser surpreendente o anúncio da Huawei de construir novos núcleos europeus. As lógicas econômicas estão prevalecendo nas escolhas dos membros europeus. Ao mesmo tempo, não há uma alternativa adequada às tecnologias da Huawei", ponderou.

Reino Unido e UE não fecham porta para Huawei

Em 28 de janeiro, o governo do Reino Unido disse que iria utilizar o equipamento da Huawei nas suas redes 5G, apesar da crescente pressão de Washington, que rotulou a gigante chinesa das telecomunicações como uma ameaça à segurança, e ameaçou cortar os laços de segurança compartilhados com os Cinco Olhos, uma aliança de inteligência anglófona composta pela Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA.

Embora o gabinete de Boris Johnson tenha especificado que o papel da Huawei seria limitado apenas a 35% da cota de mercado na periferia da rede do país, a medida suscitou preocupações nos EUA. Na terça-feira (4), os republicanos da Câmara dos Representantes propuseram uma resolução denunciando a decisão do governo britânico e alertando que ela poderia afetar o "relacionamento especial" entre o Reino Unido e os EUA.

Entretanto, em 29 de janeiro, a Comissão Europeia aprovou a lista de ferramentas da União Europeia (UE) sobre riscos de segurança de redes 5G com o objetivo de ajudar os Estados-membros a lidar com os desafios relacionados com a implantação e utilização das redes da próxima geração.

Apesar dos apelos de Washington para banir totalmente a Huawei da infraestrutura de redes 5G europeias, as diretrizes da UE abrem a porta para o fornecedor.

A Huawei congratula-se com a decisão da Europa, que permite à Huawei continuar a participar no lançamento do 5G da Europa. Esta abordagem não tendenciosa e baseada em fatos para a segurança 5G permite que a Europa tenha uma rede 5G mais segura e mais rápida.

De acordo com o portal The Verge, a abordagem da lista de ferramentas da UE ao equipamento da Huawei "reflete muitos elementos da decisão do Reino Unido".

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