Atualmente a Funai contabiliza 107 registros da presença de índios isolados em toda a Amazônia Legal.
Ricardo Lopes Dias foi ligado à Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), entidade conhecida por seu trabalho de evangelização de indígenas, prática criticada por antropólogos e indigenistas.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Antônio Eduardo de Oliveira, secretário-geral do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), explicou que o tratamento do governo brasileiro desde a Constituição de 88 às comunidades indígenas isoladas era o de proteção, ao invés da aproximação.
Ou seja, segundo explicou Antônio Eduardo de Oliveira, não se buscava o contato com indígenas isolados.
Segundo o indigenista, a nomeação de Ricardo Lopes Dias vai na contramão dessa filosofia.
"A nomeação do referido funcionário ou pastor vem ao encontro desse desejo do governo de descaracterizar essas frentes de proteção e voltar a uma dinâmica do período da ditadura de atração, de contato, desses povos, o que significa um verdadeiro genocídio porque esses povos são muito sensíveis a qualquer possibilidade de contato", afirmou Oliveira.
O secretário-executivo do Cimi atribui a hipótese de mudança na filosofia de proteção aos indígenas isolados ao fato de Ricardo Lopes Dias ter trabalhado na MNTB.
"Eles não têm resistência física para o contato com o não-índio. Então isso vai significar um genocídio para esses povos, porque o referido pastor ele já vem desse tipo de atuação, ele faz parte de uma igreja evangélica que tem esse tipo de filosofia de trabalho, de atrair esses povos para o convívio para a sociedade", disse.
Antônio Eduardo de Oliveira disse que a nomeação de Ricardo Lopes Dias pode vir acompanhada de outras ações que ameaçam a vida de comunidades indígenas.
"Não é só a nomeação do pastor, mas são várias ações que poderão vir no sentido de interferir na continuidade ou no projeto de vida desses povos", completou.