No seu artigo para The National Interest, o editor de defesa da revista norte-americana David Axe se focou em registros desclassificados que documentam "[...] o fim do sistema de drones [norte-americano] Tagboard", que estava encarregado de espionar a China no final dos anos 60.
O Escritório de Reconhecimento Nacional (NRO, na sigla em inglês) dos EUA divulgou os documentos em 21 de março de 2019, cinquenta anos após o sistema Tagboard, também conhecido como veículo aéreo não tripulado D-21 da Lockheed, ter entrado ao serviço do Exército dos EUA.
Axe recorda que o D-21, de 5,8 m de envergadura de asa, era feito de titânio e pesava 10 toneladas, e que, "nas suas formas iniciais, era lançado do topo de uma versão especial do avião de reconhecimento A-12, a versão da CIA do [avião de reconhecimento estratégico de longo alcance e alta altitude] SR-71 que atingia Mach 3".
"O A-12, na sua essência, era o impulsionador do drone, subindo para 80.000 pés de altitude e acelerando até Mach 3,3 antes de se separar do veículo sem piloto", observa o autor.
A esperança era que o D-21 ajudasse os militares norte-americanos a espionar alvos estratégicos, incluindo os da China, "de forma mais confiável do que um satélite poderia fazer na época, e sem arriscar um piloto humano".
Houve também experimentos com uso do avião para lançar o drone D-21, mas estes foram abandonados quando um tripulante morreu no 4º voo de teste.
"O drone Tagboard oferece uma capacidade técnica única para satisfazer os requisitos nacionais para conduzir operações de reconhecimento de imagens contra alvos hostis ou potencialmente hostis aos Estados Unidos", afirmou o Estado-Maior Conjunto do país em um memorando de setembro de 1969.
Axe lembrou que Tagboard era um "sistema complexo e caro", com um custo de dois aviões de lançamento A-12 e 20 drones no valor de US$ 440 milhões (R$ 1,9 bilhão) em dólares de 2019.
"Um acidente fatal em julho de 1966 pôs um fim abrupto ao esforço de combinar os A-12 e os D-21. O NRO adicionou um foguete impulsionador ao D-21 e migrou o sistema para uma pequena frota de bombardeiros B-52H ligeiramente modificados", observou.
Início do fim
Entre 1969 e 1971, o NRO supervisionou o que descreveu como quatro missões D-21 "fracassadas" sobre a China, incluindo a de 4 de março de 1971, quando um drone não conseguiu ejetar com segurança sua cápsula de filme.
"Embora o paraquedas principal tenha baixado a carga útil para a superfície da água, uma tentativa posterior de recolha por um navio da Marinha não teve sucesso devido a erros processuais, e a carga útil se afundou", informou o NRO ao Departamento de Defesa na altura.
O drone D-21 no topo do M-21, uma versão do A-12. Durante o quarto voo, o D-21 atingiu a cauda do 21 e se perdeu ambos os aviões e um piloto.
Neste contexto, Axe citou John McLucas, o então diretor do NRO, como dizendo em um memorando de abril de 1971 que ele tinha "ficado cada vez mais convencido" de que as Forças Armadas dos EUA deveriam "estar gastando nossos esforços para melhorar nossas atividades de satélite, em vez de tentar continuar com veículos que respiram ar".
Com o NRO concluindo que "drones inseguros e não confiáveis" eram desnecessários para o reconhecimento estratégico aéreo, McLucas previu o retorno dos drones para uma missão diferente no futuro.
"Acredito que há um papel de transporte de armas para drones que deveria ser explorado", disse ele, segundo citado por Axe.
O autor concluiu lembrando que vários D-21 sobreviventes estão atualmente expostos em vários museus dos EUA, com os destroços de um outro drone desse tipo agora em exposição em Pequim.