Nesta quinta-feira (20), ao lançar programa de crédito imobiliário da Caixa Econômica Federal a juros fixos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que com as reformas o Brasil iria "decolar" e "crescer dois por cento" em 2020, mesmo com a "turbulência internacional" e a América Latina "estagnada".
Entre críticas e elogios ao governo, Kasznar acredita que Brasil tem potencial para se desenvolver num ambiente de desaquecimento global, mas antes precisa fazer seu dever de casa.
"O problema do crescimento e desenvolvimento do Brasil é essencialmente interno, endógeno, temos que olhar para o nosso dever de casa, realizá-lo corretamente, abrir e arejar nossa economia para o resto do mundo", afirmou o professor da Fundação Getúlio Vargas.
'Gol de placa para o governo Bolsonaro'
Segundo ele, "os vasos comunicantes mundiais estão se falando cada vez mais e repercutindo sobre a gente", mas não se pode "culpar o crescimento econômico nacional por conta de fatores externos, o grande problema esta aqui, é preciso rearticular a economia, reordenar o setor público, reduzir o déficit publico, que até caiu além do que estava sendo cogitado no ano passado, um gol de placa para o governo Bolsonaro e para o ministro Paulo Guedes".
Apesar de defender reformas que o governo vem tentando implementar, como a tributária e administrativa, ele considera a previsão de crescimento de 2% ainda muito pequena e a diminuição dos juros apenas "um pingo de água para as dimensões" do país.
Crescer 2% é 'pífio'
"Crescer a dois por cento com essas reformas continua sendo uma medida com perspectivas pífias, fracas, desalentadoras", afirmou o especialista, embora ressalte que o atual governo tenha pegado uma economia com "taxas negativas".
Segundo Kasznar, para que o crescimento realmente ocorra, é preciso fazer um amplo leque de mudanças, e até mesmo aprofundar as reformas liberalizantes do governo, como "abrir a economia" do Brasil e "flexibilizar o mercado de trabalho".
A reforma administrativa, a próxima na pauta do governo, para ele deveria ser "mais abrangente" e sem "ameaças de classe".
'Discurso que não seja para atacar domésticas'
"É preciso estabilizar, criar um discurso mais fácil, mais agradável, que não seja para atacar as empregadas domésticas, todas as pessoas que são servidores públicos e fazem muito bom serviço. A reforma administrativa não pode ser uma ameaça de classe, ela tem que ser a favor do Brasil, a favor de equidade, motivação e produtividade", disse o economista.
Em relação à reforma tributária, que deverá entrar na agenda do governo em seguida, Kasznar disse que é igualmente "essencial", pois a "carga fiscal do Brasil é monstruosa".
Mas frisou que em um país "tão desigual", os impostos são necessários e o Estado tem uma papel "social" para diminuir a pobreza.