As conclusões são de uma equipe de pesquisadores que se debruçou sobre o assunto e vêm relatadas em um artigo publicado pelo portal Sciencemag.
O mito seria de 1878, quando a milenar pedra foi adquirida por Wilhelm Froehner, antigo curador do Museu do Louvre, provavelmente de um negociante de antiguidades da Grécia ou do Oriente Médio, e que a manteve em sua coleção particular até o seu falecimento.
Junto com a lápide estava uma inscrição de Froehner atestando ter o artefato "vindo de Nazaré".
Esta anotação, juntamente com os dizeres gravados na pedra citando um édito de César que ameaçava com pena capital quem roubasse sepulturas ou retirasse de lá os corpos, ajudou a expandir o mito.
O arqueólogo francês Franz Cumont assegurou, em 1930, que a pedra do túmulo, vista na foto abaixo, estaria ligada ao desaparecimento de Jesus.
Inscrição de Nazaré contém um decreto de César proibindo saqueamento de sepulturas
Muitos estudiosos da Bíblia viram também no édito de César uma reação do imperador romano, tanto à notícia de que o corpo de Jesus tinha desaparecido de seu túmulo, como às controversas notícias de sua ressurreição.
Estudando a pedra
Para esclarecer o mistério, uma equipe de cientistas liderada pelo historiador Kyle Harper da Universidade de Oklahoma, nos EUA, retirou poeira de mármore da pedra para análise e usou um método de laser para liberar os gases dos minerais do mármore.
Ao medir as proporções de isótopos de carbono e oxigênio, eles obtiveram como que uma "impressão digital" química única do mármore.
Os resultados obtidos levaram os pesquisadores a concluir que a pedra veio de uma pequena pedreira na ilha grega de Kos, no mar Egeu.
Para além desse fato, epigrafistas argumentaram recentemente que o grego usado na inscrição era de uso pouco comum fora da Grécia.
"A tábua provavelmente não terá nada a ver com os primórdios do cristianismo", opinou o epigrafista John Bodel, citado pelo portal, que garante ainda que não é de Nazaré.
Se a tábua não foi esculpida para proteger o túmulo de Jesus, por que foi feita?
Harper e sua equipe, com base no estilo da inscrição e na idade da pedreira, opinam que o objeto foi esculpido no século I a.C. para um governante de Kos conhecido como Nikias, o Tirano.
Algum tempo após sua morte, por volta do ano 20 a.C., cidadãos zangados abriram seu túmulo e jogaram fora o corpo, segundo está descrito em um antigo poema grego.
Mas até hoje mantém-se a hipótese que a pedra tumular, apesar de ter sido talhada na ilha de Kos, possa ter sido enviada para Israel.
Assim, o mistério da pedra, hoje guardada na Biblioteca Nacional de Paris, ainda vai perdurar por algum tempo.