Na tarde desta quarta-feira, o Ministério da Saúde do Brasil confirmou o terceiro caso da doença provocada pelo novo coronavírus no território nacional, acrescentando que outra paciente, uma adolescente, já havia testado positivo para um exame realizado recentemente, dependendo apenas de uma contraprova.
Os três pacientes com diagnóstico confirmado da COVID-19, até o momento, são moradores de São Paulo, estado que ainda responde pela maioria dos 531 casos suspeitos no Brasil, 136 ao todo. Tanto os três confirmados como a jovem em observação teriam sido contaminados, muito provavelmente, na Europa, não havendo, até agora, indícios de circulação do vírus no país.
"De fato, ninguém sabe por que São Paulo tem o maior número de casos suspeitos. Mas, provavelmente, porque tem o maior número de pessoas que visitam os países europeus afetados", opina, em entrevista à Sputnik Brasil, o epidemiologista Eduardo Massad, professor da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EMAP).
De acordo com Massad, apesar do pânico generalizado que tem se espalhado pelo mundo desde o início do novo surto, as medidas restritivas que vêm sendo adotadas por diversos países são realmente as mais indicadas, por serem "a única maneira de conter o vírus".
"E, mais importante ainda, são a única maneira de erradicar o vírus antes que este se estabeleça como uma infecção crônica", afirma.
Recentemente, trabalhos de sequenciamento realizados pelo Instituto Adolfo Lutz e pela Universidade de São Paulo (USP) mostraram que o código genético do coronavírus encontrado nos dois primeiros brasileiros contaminados por esse vírus apresentava diferenças de um caso para o outro. O genoma do vírus presente em um paciente seria mais parecido com o verificado na Alemanha, enquanto o do outro estaria mais próximo daquele observado no Reino Unido, sendo ambos diferentes das sequências chinesas.
Uma das responsáveis por essas análises, a diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP, Ester Sabino, afirmou que, em um primeiro momento, esse fato sugere que a epidemia de coronavírus está ficando madura na Europa, já ocorrendo transmissão interna nos países europeus, ideia compartilhada pelo professor da EMAP. Para ele, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não tenha declarado oficialmente um estado de pandemia por conta do novo coronavírus, a situação atual já possui as características de uma pandemia.
"Isso significa que a COVID-19 já se caracteriza como uma pandemia, com vários países mantendo transmissão autóctone, independendo de importação de casos", explica Eduardo Massad.