'Piloto comum não pode voar aqui': major relata desafios de voar em lendária esquadrilha russa

Em entrevista à Sputnik, o major Sergei Sinkevich relata as exigências cotidianas de quem entra, trabalha e sai da equipe de pilotos da esquadrilha acrobática russa Strizhi.
Sputnik

A esquadrilha de acrobacia aérea russa Strizhi é das mais exigentes para quem quer demonstrar sua perícia aérea no país. Segundo o major Sergei Sinkevich, piloto dessa esquadrilha, "um piloto comum não pode voar aqui".

"Kubinka [aeródromo em que se baseiam os pilotos da Strizhi] sempre foi famoso por suas altas exigências para o pessoal de voo, tanto em termos de base teórica como de aptidão física e capacidades dos pilotos", disse ele em entrevista à Sputnik Mundo. "Um piloto comum não pode voar aqui. [Ele] deve ser um fã da aviação que quer isso e trabalha para isso, evoluindo constantemente."

Em relação ao que distingue os pilotos de seus homólogos russos e estrangeiros, o major respondeu que utilizam caças de série comuns, apenas com pintura original, ao contrário dos pilotos estrangeiros. Diferente dos pilotos de outras esquadrilhas russas, eles utilizam aviões mais velhos, mas "de confiança", que deverão "continuar em serviço por muitos anos".

No entanto, diz Sinkevich, "assim que o MiG-35 estiver em serviço, deverá haver transição".

Treino dos pilotos

Segundo o major, os pilotos, como militares que são, têm de passar em testes de aptidão física a "cada trimestre", em que cada pessoa fica sabendo seus pontos fracos. Em média, os militares realizam 3-4 turnos de 8 horas por semana. Normalmente, durante cada turno são realizados até 2 voos, mas isso também depende das condições de tempo.

Cada voo dura 25 minutos se for realizado sobre o aeródromo. Se os pilotos voarem 100 quilômetros até o aeroporto de Zhukovsky, o voo é reduzido em 17 minutos. Cada manobra de acrobacia individual queima todo o combustível em 7 minutos.

Em relação ao treino físico, "todos cumprem um plano individual", porque cada pessoa é diferente, conta Sergei Sinkevich. "Durante o dia de trabalho, quando não realizamos voos, vamos à academia. Uns ficam jogando futebol, outros treinam o aparelho vestibular. Temos nosso próprio time de hóquei no gelo, do qual participam muitos pilotos."

"Todos praticam esportes, mas não há obrigatoriedade de praticar nada específico. Todos fazem o que gostam, mas o esporte é necessário, porque as sobrecargas físicas são tais que você precisa se manter em forma", diz Sinkevich.

Em qualquer esquadrilha acrobática com muito tempo de existência "há páginas negras, momentos desagradáveis e falhas de equipamento aeronáutico", relata, tais como choques no ar que obrigaram os pilotos a se catapultarem. Felizmente, diz ele, no momento não têm sofrido perdas humanas ou de equipamento.

Segundo Sinkevich, em termos físicos, a acrobacia mais exigente é a individual, mas as manobras em formação são mais difíceis de outra maneira, têm de acompanhar as manobras do líder do grupo, e são mais pesados em termos morais.

Carreira dos pilotos

Os candidatos a piloto, regra geral, já vêm com experiência de serviço em unidades de combate. Após entrevista com os candidatos, eles são aceitos na equipe ou reprovados.

'Piloto comum não pode voar aqui': major relata desafios de voar em lendária esquadrilha russa

Os médicos não aconselham pessoas com mais de 35 anos de idade a executar este tipo de voos, tentamos recrutar candidatos com menos de 30, para darem seu máximo em termos de "saúde" e "energia criativa". As pessoas podem sair por várias razões, diz, mas o limite máximo é 50 anos. A sobrecarga das manobras de acrobacia aérea é tão grande que antes, quando o controle era mais rigoroso, os pilotos saíam aos 35 anos por motivos de saúde.

Os novos pilotos também vêm das academias da Força Aérea já "há várias gerações", conta o piloto. Tenentes vêm de outras unidades para continuar a cumprir seu serviço nos Strizhi, aí eles poderão ser selecionados para esse tipo de voos. Como exemplo, em 2019 chegaram dois jovens tenentes que ainda não tinham realizado voos.

"Muitos pilotos se transferem para a aviação civil. Eles lá têm outros requisitos, mas a experiência da esquadrilha acrobática ajuda. Eles sentem o avião como ninguém. A gerência vê isso e promove-os rapidamente", concluiu o major.

Comentar