Neste período, as temperaturas de Inverno atingiam e ultrapassavam regularmente 20 graus Celsius negativos.
A descoberta foi relatada em um estudo de pesquisadores britânicos, russos e americanos e publicado hoje (17) pela Universidade de Cambridge.
Riquíssimo sítio arqueológico russo
O local onde esta antiga estrutura foi encontrada situa-se na margem oeste do rio Don, a 500 quilômetros ao sul de Moscou, no sítio arqueológico paleolítico de Kostenki-Borshevo, onde se promovem escavações desde 1700.
Nas décadas de 50 e 60 do século passado, foram descobertas cerca de 70 estruturas similares datadas de aproximadamente há 22.000 anos.
Misteriosos círculos ósseos feitos de crânios de mamutes, datados de há 20.000 anos, ajudaram os humanos a sobreviver na Era do Gelo
Graças à datação por radiocarbono, este novo estudo revelou a descoberta do mais antigo círculo ósseo conhecido, construído por humanos na planície russa, com 25.000 anos.
"A arqueologia está nos mostrando mais sobre como nossos ancestrais sobreviviam neste ambiente extraordinariamente frio e hostil, no pico da última Era Glacial", indica o arqueólogo do paleolítico Alexander Pryor, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e líder da pesquisa.
Enquanto em outros lugares à mesma latitude as populações migraram para zonas mais amenas, estas populações lograram "adaptar-se para encontrar comida, abrigo e água", sendo estas estruturas ósseas locais importantes para a sobrevivência dos humanos.
Círculos ósseos de mamute continuam dando indícios de como nossos ancestrais sobreviveram à Era do Gelo na Europa
Sem o conforto moderno, as antigas comunidades humanas eram capazes de viver em condições muito frias e agrestes.
O círculo ósseo ora estudado tem 12,5 metros de diâmetro, sendo feito quase exclusivamente de ossos de mamute, com os arqueólogos identificando 51 maxilares inferiores e 64 crânios individuais dos paquidermes.
Um dado importante detectado pelo estudo foi a presença de madeira queimada no interior, somente visto em um dos anteriores 70 círculos.
Tal fato indicia que as comunidades de caçadores-coletores nômadas da época usariam a madeira para se aquecer. A abundância arbórea da região é provavelmente uma das razões para a persistência humana nesta zona por muito mais tempo do que em outras áreas do norte da Europa.
Círculos ósseos de mamute ajudam a explicar como o homem sobreviveu à Era do Gelo
Além da madeira queimada, a equipe também identificou várias plantas que poderiam ter sido utilizadas para venenos, medicamentos, para fazer cordéis ou tecidos, bem como pedras e lascas de sílex para matar animais e raspar peles.
O mistério permanece
Sendo os caçadores-coletores nômadas, não seria um acampamento humano de longo prazo.
Por isso, Pryor questiona "o que pode ter trazido os antigos caçadores a este local, cuja construção exigia tanto investimento de tempo e energia?"
Local de armazenamento, refúgio ou de rituais? Por enquanto, o propósito deste círculo ósseo permanece um mistério.