China disposta a ajudar
Em 18 de março, a China assegurou que iria intensificar a cooperação com a Rússia e os Países Baixos no combate à epidemia.
Em conversa telefônica com o premiê do Conselho de Estado chinês, Li Keqiang, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, manifestou o desejo "que a China continue a prestar assistência e apoio".
Li Keqiang, por sua vez, assegurou que a China está firmemente ao lado da UE, apoiando seus esforços para combater a epidemia e facilitando a compra de material médico.
No dia 18, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, em uma conversa telefônica com seu homólogo holandês, Steph Blok, anunciou a disponibilidade chinesa para ajudar ativamente este país na aquisição de material médico aligeirando, em particular, os procedimentos alfandegários e de transporte, cooperando no campo da medicina por via remota e intensificando o intercâmbio de especialistas.
Nesse mesmo dia, 12 especialistas médicos chineses chegaram a Milão, um dos focos mais graves da infecção pelo vírus, em um voo especial de Xangai que transportou mais de 17 mil toneladas de ajuda humanitária e médica, incluindo equipamentos utilizados em unidades de terapia intensiva, como ventiladores e monitores.
Já em Roma, foram entregues à Cruz Vermelha italiana máscaras médicas, kits de teste do coronavírus e outros itens de proteção antiepidêmica.
Igualmente em 18 de março, foram entregues 500.000 máscaras de proteção na Espanha, estando prevista a chegada para breve de 50.000 unidades de kits de teste de vírus doados pela China à Espanha.
Em 18 e 19 de março, a China entregou à França um 1 milhão de máscaras e luvas cirúrgicas e a Polônia receberá da China mais de 10 mil kits de teste e dezenas de milhares de itens de proteção, como máscaras, óculos de proteção e sapatos.
Na UE é cada um por si
Já países como a Alemanha e a França anunciaram restrições à exportação de certos itens, como máscaras, para evitar a ruptura de seus próprios estoques.
A Sérvia, candidata à adesão à UE, foi um dos primeiros países a sentir na pele essa restrição, levando o presidente sérvio Aleksandar Vucic a afirmar amargamente que não existe solidariedade europeia.
"Não podemos importar bens, equipamento médico e medicamentos da UE por ordem das autoridades europeias. Essa ordem foi dada pelas mesmas pessoas que nos avisaram para não negociarmos com a China", afirmou Vucic, chamando na ocasião "irmão e amigo" ao presidente chinês Xi Jinping.
A Itália, um dos fundadores da UE, também está muito irritada com as instituições europeias. Tendo acionado o mecanismo de defesa civil da UE para fornecer equipamento médico e equipamento de proteção pessoal, nenhum dos outros 26 países respondeu ao apelo.
Seria um país terceiro, a China, a socorrer os italianos.
Europa pede ajuda à China
Georgy Engelhardt, especialista do Instituto de Estudos Eslavos da Academia de Ciências da Rússia, comentou a situação em entrevista à Sputnik China, salientando que na UE é cada país por si.
"Os países estão tomando medidas somente a nível interno e a eficácia dos mecanismos supranacionais da UE, pelo menos agora, não tem sido visível."
Para o especialista, o desagrado italiano deve-se ao fato de, sendo o país mais dramaticamente afetado pela pandemia na Europa, ele ter podido contar somente com o apoio da China.
"Uma coisa é quando falam de solidariedade europeia, outra é quando os Estados membros, não encontrando apoio dentro, voltam-se para a China, considerando-a como a única esperança", disse.
"O Ocidente critica a China, no entanto apela à sua ajuda, e a UE está agora numa situação em que todos estão por sua conta. Tudo isto nos lembra não o século XXI – o século da integração, do globalismo, da solução de problemas em comum – mas a fragmentação medieval", acrescentou.
Já Huang Weiping, especialista do Instituto de Economia da Universidade Popular da China, é da opinião que "se antes da epidemia muitos no Ocidente, incluindo a Europa, não queriam reconhecer as qualidades de liderança da China como ator global, agora a situação está mudando drasticamente".
A situação, porém, pode fortalecer as vozes daqueles que temem uma "ameaça chinesa", ao se depararem com este aumento de protagonismo.
Wang Peng, um especialista da Universidade Popular da China, afirmou à Sputnik por sua vez que "a rápida propagação da epidemia em outros países acaba por afetar os interesses chineses, pelo que esperamos sinceramente que todos os países sejam capazes de controlar a situação epidemiológica o mais rápido possível. Para que isso aconteça, é necessário que nos ajudemos uns aos outros. Claro que há alguma retórica antichinesa nesses países […] mas não devemos mesmo assim abandonar a cooperação pragmática com esses países".
Em 18 de março, na reunião do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da China, o secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China, Xi Jinping, exigiu a intensificação do intercâmbio e cooperação com outros países no campo da resposta antiepidêmica, prometendo continuar a ajudar outros países até onde a China for capaz.