Agrônomos e representantes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) alertam que, apesar da ampla oferta mundial de alimentos, o aumento brusco na demanda - as chamadas "compras de pânico"- podem levar a uma crise.
"Não é uma questão de abastecimento, mas de mudança de comportamento em relação à segurança alimentar. E é isso que pode levar a uma crise global", disse o economista sênior da FAO, Abdolreza Abbassian.
Consumidores têm feito filas em supermercados ao redor do mundo para estocar alimentos e produtos que consideram essenciais, como álcool em gel e papel higiênico.
"Tudo o que precisamos para gerar uma crise são as compras de pânico a grandes importadores, como processadores de grãos e governos", disse.
A bolsa de Chicago, que comercializa commodities agrícolas, registrou um aumento de 6% no preço do trigo nessa semana, a maior subida semanal dos últimos nove meses, reportou a Reuters.
Os preços do arroz também estão em alta na Tailândia, o segundo maior produtor mundial do grão.
Fechamento de fronteiras
Além das "compras de pânico", o fechamento das fronteiras internacionais também pode contribuir para o aumento nos preços dos alimentos mundialmente.
As restrições impostas pela União Europeia na circulação de bens entre os países membros estão gerando atrasos nas cadeias de suprimento de alimentos.
A indústria de grãos da França está com dificuldades em encontrar mais caminhões e funcionários para aumentar a sua capacidade de escoamento, frente a um aumento na demanda por massas e trigo.
No entanto, projeções do Departamento de Agricultura dos EUA apontam para um aumento nos estoques globais de trigo no mês de junho.
Os estoques de arroz também devem crescer de 175 milhões de toneladas em 2019 para 182 milhões em 2020.