Militares dos EUA devolvem base aérea ao Iraque e se retiram da área de Mossul

Depois dos ataques de janeiro em Bagdá e das exigências de os EUA saírem do país, os norte-americanos estão deixando equipamento aos iraquianos antes de sair da base de Al-Qayyara.
Sputnik

As forças dos EUA no Iraque começaram sua retirada da base aérea de Al-Qayyara, no norte do país, na quinta-feira (26), devolvendo esta instalação estratégica ao controle iraquiano.

Com suas duas pistas de 3.350 metros, capazes de acolher os maiores bombardeiros e aeronaves de transporte norte-americanos, o aeródromo de Qayyara West, cerca de 60 quilômetros ao sul de Mossul, utilizado na luta contra Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) após ter sido recapturado dos extremistas em 2016.

Agora as forças dos EUA começaram o processo de retirada da base aérea, devolvendo-a ao controle iraquiano em uma cerimônia efetuada na quinta-feira (26).

"Como resultado do sucesso das ISF [Forças de Segurança Iraquianas] na sua luta [contra o Daesh], e em conjunto com as nossas forças parceiras e o governo do Iraque, a Força-Tarefa Conjunta Combinada Operação – Resolução Inerente [CJTF-OIR, na sigla em inglês, coalizão ocidental anti-Daesh] irá deslocar e consolidar o pessoal e equipamento de várias bases iraquianas ao longo de 2020", diz uma declaração da CJTF-OIR publicada na quinta-feira (26).

O comunicado não mencionou quantas tropas seriam retiradas, mas, de acordo com uma nota informativa fornecida pelo Gabinete de Relações Públicas da CJTF-OIR, há aproximadamente 800 homens estacionados na base, entre iraquianos, norte-americanos e franceses. Ao todo, há 7.500 militares da coalizão no Iraque, dos quais 5.000 são dos EUA.

A França anunciou no início desta semana a retirada dos seus 100 militares do Iraque em meio à pandemia da COVID-19.

O comunicado da coalizão observa que a partida inclui uma transferência de bens e equipamentos avaliados em US$ 1,7 milhões (R$ 8,54 milhões) para as forças iraquianas, consistindo principalmente em instalações de apoio à vida cotidiana, como lavanderias, e compressores de ar, mas também equipamentos de comunicação não especificados.

Militares dos EUA devolvem base aérea ao Iraque e se retiram da área de Mossul

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que o Daesh foi derrotado há quase um ano, quando sua última parcela de território foi recuperada no leste da Síria, mas o grupo continuou existindo clandestinamente, perpetrando ataques periódicos na Síria e no Iraque, e se expandindo em novas operações no Afeganistão e na África Ocidental.

A coalizão observa ainda que irá "operar a partir de menos locais, mas continua empenhada em apoiar nossos parceiros na sua luta contra o Daesh".

"As ISF conduzem cada vez mais operações independentes na luta contra o Daesh e na defesa da sua pátria, incluindo as campanhas 'Heróis do Iraque' e 'Vontade de Vitória 2019'". Curiosamente, a declaração também observa que a "CJTF-OIR permanece no Iraque a convite do governo iraquiano".

EUA no Iraque

Após um ataque aéreo em janeiro que matou Kataib Abu Mahdi al-Muhandis, comandante adjunto das Forças de Mobilização Popular iraquianas (PMF) e fundador do Hezbollah, junto com Qassem Soleimani, major-general e comandante da Força Quds iraniana nos arredores de Bagdá, o parlamento do Iraque pediu às forças norte-americanas que deixassem o país.

Washington recusou e seguiram-se enormes protestos, bem como novos ataques extremistas contra as bases dos EUA. As PMF foram formadas como parte da mesma luta contra o Daesh, o qual ocupou áreas no norte do Iraque entre 2014 e 2017. Soleimani liderou as forças iranianas e iraquianas nessa luta, o que levou os iraquianos a ficarem indignados com os assassinatos.

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