O presidente Nicolás Maduro disse que as autoridades de Curaçao foram impedidas de acessar o navio português que atacou um barco da Marinha venezuelana a sete milhas náuticas da ilha de La Tortuga.
"Há um poder superior fora de Curaçao que não permite que as autoridades de Curaçao tenham acesso ao barco para ver quem são as 160 pessoas e identificá-las, o que está confirmando a hipótese de que este navio estava sendo usado para trazer mercenários."
"Com lanchas rápidas civis, chegariam a algumas das costas venezuelanas para realizar ataques surpresa a unidades militares, ou objetivos políticos", disse Maduro durante um telefonema no programa Con el Mazo Dando, transmitido pela emissora estatal Venezolana de Televisión.
Na terça-feira (31), o governo venezuelano denunciou um incidente ao largo da sua costa: militares da Guarda Costeira haviam instado um navio de bandeira portuguesa a acompanhá-los até o porto da ilha de Nueva Esparta, no norte do país, mas, ao se aproximarem do navio, este atacou a embarcação venezuelana, provocando o seu afundamento.
Após o incidente, que Maduro chamou de "ato de pirataria internacional", o navio português foi alegadamente encontrado no porto de Curaçau.
O presidente disse que "alguém ligou do Norte" para proibir a entrada no navio atracado.
Política e droga
Na última quinta-feira (26), a Procuradoria dos EUA acusou o presidente Nicolás Maduro de estar envolvido em uma rede de tráfico de drogas, oferecendo US$ 15 milhões (R$ 78,8 bilhões) pela sua captura.
Maduro, em resposta, afirmou que os Estados Unidos estão tentando desviar a atenção da crise humanitária da pandemia em seu país com uma escalada contra a Venezuela.
"Donald Trump e o chefe do Pentágono [Mark Esper] estão tentando desviar a atenção, criando uma escalada contra a Venezuela, não conseguiram e não vão conseguir. Estamos aqui em paz, com um bom pulso atendendo à pandemia, e [com] os Estados Unidos em uma crise humanitária", disse ele.
Maduro se referiu ao anúncio feito pelos EUA sobre o destacamento no mar do Caribe e no Pacífico de reforços da Marinha e da Força Aérea para combater o narcotráfico.
"Se eles querem vigiar um barco de cocaína que a Colômbia produz, não é a Venezuela que a produz, a Venezuela tem um recorde mundial contra o tráfico de drogas. Se eles querem parar a cocaína da Colômbia, eles têm que atuar no Pacífico. Se eles vão pelo Caribe, estão deixando livre o caminho para a droga", disse ele.
Nesta quarta-feira (1º), os Estados Unidos anunciaram a mobilização de uma força militar naval para o Caribe e o Pacífico Oriental, como parte de uma operação de combate ao narcotráfico.