A descoberta foi feita por Alberto Montaner, professor de literatura espanhola na Universidade de Saragoça, e é relatada no tabloide Daily Mail.
El Cid, um herói e mítico combatente medieval do Reino de Castela, em uma época em que nem Portugal nem Espanha tinham se formado ainda, levou o referido crucifixo para numerosas batalhas que travou por todo o lado, quer contra os rivais do Reino de Leão quer contra os mouros muçulmanos que tinham invadido a Península Ibérica.
Oferecido por sua mulher, o crucifixo era o talismã do herói espanhol nas batalhas.
De origens nobres, seu verdadeiro nome era Rodrigo Díaz de Vivar, tendo recebido o apelido de El Cid dos mouros, que significava O Senhor, enquanto os cristãos o chamavam de El Campeador, traduzido literalmente como O Mestre do Campo de Batalha, mostrando bem a sua reputação de guerreiro e comandante destemido.
Suspeitava-se que o referido crucifixo estivesse ligado a El Cid. Carta descoberta por Montaner na British Library, biblioteca em Londres, e escrita no século XIV pelo rei Afonso XI de Castela, confirmou a sua autenticidade.
Segundo Montaner, "El Cid foi objeto de uma devoção que transcende a de um herói hispânico épico" e que as suas capacidades em batalha se tornaram simultaneamente um mito literário e um mito patriótico.
El Cid morreu em 1099 de causas naturais, aos 56 anos de idade. Três anos mais tarde, seus restos mortais foram transferidos do seu túmulo original na catedral de Valência para um mosteiro em San Pedro de Cardeña, sendo enterrado ao lado de sua esposa.
Séculos depois, durante a Guerra Peninsular que se estendeu de 1808 a 1814, o mosteiro foi saqueado pelas tropas de Napoleão Bonaparte, tendo os seus restos mortais sido espalhados por diversos locais, como Rússia, Polônia, República Tcheca, Alemanha, França e Espanha.
Logo após a derrota e expulsão de Napoleão da Península Ibérica, se iniciou uma busca para recuperar as relíquias perdidas e os seus restos mortais, e que levou a esta descoberta.
Outras relíquias conhecidas de El Cid incluem uma espada vendida por 1,5 milhão de euros (R$ 8,54 milhões) em 2008 e um fragmento da sua bandeira detectado em um leilão francês de 2012.
Uma parte recuperada do corpo está sepultada na Catedral de Burgos, na Espanha, e primeira capital do reino de Castela, permanecendo seus pés, mãos e pedaços do crânio desaparecidos, segundo Montaner.
Um filme de 1961, estrelado por Charlton Heston como El Cid e Sophia Loren, ajudou a cimentar ainda mais a mitologia de El Cid, e o seu status de símbolo patriótico.