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Imunidade, responsabilidade pessoal, proibição: saiba diferentes estratégias de países na COVID-19

Muitos países têm realizado medidas de isolamento obrigatórias para os cidadãos, com diferentes graus de rigor. Mas alguns têm tendido para extremos na abordagem à doença.
Sputnik

Embora o rápido aumento das infecções por coronavírus pareça ter diminuído nos últimos dias, o número de mortes continua aumentando. De acordo com as últimas estimativas, mais de um milhão e 260 mil pessoas contraíram a doença, enquanto mais de 64 mil morreram da mesma.

O auto-isolamento e a quarentena a nível nacional são as medidas mais comuns para combater a pandemia, mas alguns países decidiram seguir seus próprios caminhos, alguns até bem estranhos. Esta é uma lista de países com abordagens alternativas ao vírus da COVID-19.

Os dados são referentes ao momento em que o artigo é publicado, segundo a Universidade Johns Hopkins norte-americana.

A responsabilidade pessoal da Suécia

  • Número de casos: 6.830
  • Mortes: 401
  • Recuperados: 205

Enquanto a Itália era atingida por milhares de casos de coronavírus e as ruas de outros países europeus ficavam vazias na sequência da introdução de medidas para conter a propagação da doença, parecia que a Suécia nem sequer sabia o que era a COVID-19, ou como poderia ser perigosa. Cafés, aeroportos e mesmo a maior parte das escolas seguem abertos no país, e só foram proibidos ajuntamentos de mais de 50 pessoas.

Embora as autoridades suecas não tenham imposto restrições ou regras rígidas, emitiram orientações gerais para ajudar a travar a propagação do vírus, observando que cada pessoa tem uma pesada responsabilidade durante a crise.

"Nós, que somos adultos, temos de ser exatamente isso: adultos. Não espalhar o pânico ou rumores. Ninguém está sozinho nesta crise, mas cada pessoa tem uma pesada responsabilidade", afirmou o primeiro-ministro Stefan Lofven em 22 de março, de acordo com o portal The Local. Segundo a emissora BBC, a maioria da população aprovou o discurso do premiê.

O principal epidemiologista do país afirmou que a estratégia da Suécia garante que a lenta propagação da infecção não sobrecarregará o sistema de saúde do país. Esta abordagem branda foi duramente criticada por especialistas médicos locais, que alertaram para o fato de o distanciamento social, o trabalho a partir de casa e o cumprimento das regras de higiene não serem suficientes para combater a pandemia.

Imunidade, responsabilidade pessoal, proibição: saiba diferentes estratégias de países na COVID-19

O recente aumento do número de mortes e da taxa de infecção suscitou um aceso debate entre as autoridades, com relatos de que Estocolmo poderia introduzir medidas mais rigorosas. Numa entrevista ao maior jornal do país, Dagens Nyheter, no sábado (4), o premiê Lofven afirmou que pode haver milhares de mortes causadas pelo coronavírus, e que a batalha contra a doença pode durar meses.

Imunidade de grupo e isolamento seletivo nos Países Baixos

  • Número de casos: 18.917
  • Mortes: 1.874
  • Recuperados: 257

A abordagem neerlandesa do combate à doença também surpreendeu algumas pessoas, tanto na Europa como no próprio país. Apenas as empresas que requerem um contato pessoal estreito, tais como barbearias, salões de beleza e bordéis, foram obrigadas a fechar. As escolas, as universidades e os infantários são obrigados a encerrar até o final de abril.

Tal como as autoridades na Suécia, as autoridades neerlandesas se abstiveram de tomar medidas rigorosas, e estão se concentrando em orientações gerais: dizer aos idosos e às pessoas de grupos de risco para ficarem em casa, ao mesmo tempo que aconselham os outros a trabalhar a partir de casa, praticar o distanciamento social e observar a higiene, bem como o auto-isolamento no caso de se ter contraído o vírus. As pessoas continuam a poder sair de suas casas.

Inicialmente, as autoridades neerlandesas abraçaram a ideia da imunidade de grupo, uma forma de proteção contra uma doença que ocorre após grande parte da população se tornar imune em resultado de infecções anteriores. No entanto, depois de os altos responsáveis se terem apercebido de que o processo poderia levar meses, reconsideraram, e dizem agora que a imunidade de grupo não é o seu principal objetivo, mas sim um resultado.

As autoridades estão agora estabelecendo aquilo a que se chama de confinamento "inteligente" e "direcionado", resultando na propagação controlada do vírus entre grupos que estão "parcialmente em risco". Isto se destina a evitar que o sistema de saúde seja sobrecarregado com doentes.

Será que esta abordagem funciona? Depende da forma como se olha para ela. Ao contrário do Reino Unido, da França e da Alemanha, os Países Baixos têm um número relativamente pequeno de casos; no entanto, têm uma das taxas de mortalidade mais elevadas do mundo.

Testes em massa na Coreia do Sul

  • Número de casos: 10.284
  • Mortes: 186
  • Recuperados: 6.598

Apesar de a nação estar localizada perto da China, onde o coronavírus foi noticiado pela primeira vez, a Coreia do Sul não impôs proibições rigorosas de viagem no interior do país. Em vez disso, as autoridades introduziram um sistema de testes em massa e rastrearam as infecções, com mais de 300.000 pessoas testadas desde que o surto da doença começou no país da Ásia Oriental. Os testes estão disponíveis ao público em drive-throughs especiais (postos de teste em que a pessoa não precisa sair do carro).

Uma aplicação móvel permite às autoridades cuidar das pessoas que contraíram a doença, e também localizar os indivíduos com quem tiveram contato.

As tradições do Japão

  • Número de casos: 3.654
  • Mortes: 85
  • Recuperados: 575

Os especialistas dizem que o baixo número de casos no Japão pode ser explicado por dois fatores: o pequeno número de testes, bem como a tradição histórica do país de manter a distância em público e regras de higiene rigorosas. Quanto aos testes, as autoridades japonesas decidiram concentrar-se nas pessoas que apresentam sintomas.

Imunidade, responsabilidade pessoal, proibição: saiba diferentes estratégias de países na COVID-19

No Japão, as autoridades sanitárias receiam que os testes em massa levem à inundação dos hospitais, e que os doentes que se encontram em estado grave não consigam obter uma cama. Na semana passada, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe negou que as autoridades estivessem envolvidas em um encobrimento de casos na capital, Tóquio, a fim de prosseguir com os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, relata a agência Associated Press.

A negação do Brasil

  • Número de casos: 11.281
  • Mortes: 487
  • Recuperados: 127

Apesar do enorme número de infecções e do grande número de mortos, as autoridades de alguns países estão minimizando o risco do surto.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro acusou a mídia de espalhar o pânico sobre o coronavírus, e criticou as quarentenas impostas pelos governadores em vários estados-chave do país, incluindo o Rio de Janeiro e São Paulo. Bolsonaro chamou às medidas de truque da mídia.

Apesar de Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Saúde, ter advertido que o sistema de saúde brasileiro entrará em colapso se as autoridades não anunciarem medidas adicionais, Bolsonaro afirma que não há necessidade de isolamento. "Raros são os casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade. O presidente brasileiro também afirmou que as pessoas devem continuar trabalhando, em vez de ficarem em casa.

O Brasil tem atualmente o maior número confirmado de casos de coronavírus na América Latina: mais de 10.000. O número de mortes está quase em meio milhar.

A proibição do Turquemenistão

  • Número de casos: 0
  • Mortes: 0
  • Recuperados: 0

Podemos dizer que as autoridades deste país da Ásia Central estão combatendo a pandemia de coronavírus da forma mais singular possível. Segundo os Repórteres sem Fronteiras, a palavra "coronavírus" foi recentemente proibida de ser publicamente utilizada no Turquemenistão. Antes desta medida, as autoridades do país ordenaram o encerramento das fronteiras no início de fevereiro. Não há casos confirmados da doença no Turquemenistão.

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