Tratam-se de embriões de Massospondylus carinatus, um herbívoro de 5 metros de comprimento, um dos mais antigos do mundo, tendo o estudo sido publicado em 9 de abril na revista Nature.
Método não destrutivo
Os ovos contendo os embriões de Massospondylus carinatus tinham sido descobertos em 1976 no Parque Nacional Highlands Golden Gate, na África do Sul, mas devido à sua fragilidade, dimensão muito reduzida e à inexistência de um método científico não destrutivo, permaneceram sem ser estudados.
Contudo, em 2015, uma equipe científica internacional observou sete ovos (dos quais apenas três continham embriões) no acelerador de partículas European Synchrotron (ESRF, na sigla em inglês), em Grenoble, na França.
Os poderosos raios X produzidos pelo ESRF, através de elétrons acelerados à velocidade da luz em um anel com mais de 800 metros de comprimento, possibilitaram observar detalhadamente e de forma sem precedentes o interior dos ovos, revelando inclusive células ósseas.
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Crânio em 3D
Estes dados tornaram possível reconstituir em modelo 3D o crânio de um dinossauro bebê, com apenas cerca de dois centímetros de comprimento.
Os cientistas compararam os resultados com embriões dos "parentes" modernos mais próximos dos dinossauros, como crocodilos, tartarugas e lagartos, encontrando semelhanças em suas fases de desenvolvimento, sobretudo na forma como o crânio cresce no ovo.
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Os embriões estudados já tinham atingido cerca de 60% do seu desenvolvimento embrionário, segundo a autora principal, Kimberley Chapelle, investigadora da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul.
"Fiquei realmente surpreendida ao descobrir que estes embriões não só tinham dentes, como tinham dois tipos de dentes. Os dentes são muito pequenos - variam de 0,4 mm a 0,7 mm de largura. Ou sejam, são menores que a ponta de um palito", afirmou Chapelle ao portal sul-africano Heraldlive.
Para Jonah Choiniere, coautor do estudo, "é incrível que em mais de 250 milhões de anos de evolução dos répteis, a forma como o crânio se desenvolve no ovo permaneça mais ou menos a mesma", afirmou ao Heraldlive.
Chapelle e Choiniere pretendem aplicar a sua nova técnica de análise a outros embriões de dinossauros, prevendo igualmente examinar o resto do esqueleto dos embriões de Massospondylus.