O telefonema de duas horas efetuado pelos senadores republicanos americanos Kevin Cramer e Dan Sullivan ocorreu no sábado (11), dois dias após a OPEP+ concordar com cortes de 10 milhões de barris por dia, visando impedir a queda dos preços do petróleo e impulsionar o mercado petrolífero.
"Embora apreciemos que eles tenham dado o primeiro passo para resolver o problema que ajudaram a criar, os sauditas passaram mais de um mês em guerra contra os produtores de petróleo americanos, enquanto as nossas tropas os protegiam", disse o senador Cramer, da Dakota do Norte.
Visando pressionar o reino a pôr fim à disputa pelo petróleo quando não houver novos cortes, Cramer e Sullivan (do Alasca) introduziram uma legislação no fim de março estipulando a remoção de todas as forças e equipamentos militares americanos da Arábia Saudita.
"Não é assim que os amigos tratam os amigos. Suas ações foram indesculpáveis e não serão esquecidas. Os próximos passos da Arábia Saudita determinarão se nossa parceria estratégica pode ser salva", acrescentou Cramer, após o telefonema com o ministro da Energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, o vice-ministro saudita da Defesa, Khalid bin Salman, e a embaixadora da Arábia Saudita nos EUA, a princesa Reema bint Bandar bin Sultan.
Sullivan também afirmou que a decisão de Riad de aumentar a produção para mais de 12 milhões de barris "exacerbou bastante a turbulência nos mercados globais de energia", aumentando a dor causada pela pandemia de coronavírus. A turbulência ainda está devastando o mercado de trabalho dos EUA, já que milhares foram demitidos e as empresas de energia foram forçadas a fechar.
"As ações falam mais alto que as palavras. O reino precisa tomar ações concretas e sustentáveis para reduzir significativamente a produção de petróleo, e precisa fazê-lo em breve", afirmou.
Enquanto isso, o senador Ted Cruz, do Texas, que também participou da conversa, acusou Riad de, ao inundar o mercado, tentar destruir os produtores de petróleo do Texas.
O acordo anterior da OPEP+ colapsou no início de março, quando a Rússia e a Arábia Saudita não chegaram a um compromisso durante as negociações em Viena. Os termos do novo acordo estão no limbo desde quinta-feira (9), quando México recusou os cortes de produção sugeridos.