O ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta – que abriu o evento com um discurso de despedida – também estiveram presentes à cerimônia em Brasília.
Teich assume um ministério que já soma 30.891 casos e 1.952 mortes, de acordo com dados da pasta. Em seu discurso de posse, o novo ministro evitou falar em temas polêmicos, como o distanciamento social e a cloroquina, e declarou que quer trabalhar em parceria com municípios e estados contra o novo coronavírus.
"Trabalhando com estados e municípios, que consiga ter agilidade na solução de problemas que estão surgindo. Você tem que analisar todo dia o que está acontecendo, fazer planejamento e executar", pontuou Teich.
O novo ministro reforçou que a sua gestão buscará informações de todas as áreas envolvidas no combate à COVID-19 para melhorar e aprimorar as ações do ministério.
"Tem que acompanhar também os indicadores sociais. Se tiver mais desemprego, pessoas que vão perder o plano de saúde, isso vai impactar o SUS [Sistema Único de Saúde]. [Nós vamos buscar a] informação detalhada, com qualidade, bem avaliada e bem estruturada. E formação de equipe. Coisa que pretendo trazer de forma mais intensa de transição de um ministro para o outro", prosseguiu Teich.
Antes da fala do novo ministro, falaram o ex-ministro Mandetta, que agradeceu toda a sua equipe e o próprio presidente, seguido por Bolsonaro, que destacou que, como no futebol às vezes alterações durante o jogo são necessárias "por cansaço", e que deseja um meio termo entre o seu ponto de vista, mais preocupado com a economia, e o de Mandetta, focado na saúde.
Quem é o novo ministro
Nelson Luiz Sperle Teich é o novo ministro da Saúde após a demissão de Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), que retomará o seu mandato na Câmara dos Deputados. Oncologista e empresário, Teich foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (16).
A troca na pasta da Saúde ocorre após um período de desgaste entre o antigo titular e o presidente. Mandetta contrariou Bolsonaro publicamente e não o poupou de críticas em episódios em que Bolsonaro não seguiu as instruções da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Bolsonaro, por sua vez, também criticou Mandetta. Nesta quinta-feira (16), disse que a saída do ex-ministro do cargo ministerial foi um "divórcio consensual".
Formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o novo ministro da Saúde afirma em seu LinkedIn que faz doutorado em Ciências da Saúde - Economia da Saúde pela Universidade de York, do Reino Unido.
Ele também já prestou consultoria ao Hospital Albert Einstein e fundou a empresa Grupo Clínicas Oncológicas Integradas. Desde março de 2020, é consultor da Teich Health Care. Integrante informal da equipe de transição de Bolsonaro em 2018, segundo a revista Veja, foi cotado para a pasta da Saúde, mas acabou preterido por Mandetta.
Em sua rede social, Teich fez análises sobre a pandemia de coronavírus.
"A função daqueles que lideram e preparam o sistema de saúde para enfrentar problemas, como esse da COVID-19, não é ter uma estratégia 'Robin Hood', imaginando que existe um alvo preciso e vendo aquilo que é decidido hoje como o que vai definir o sucesso ou fracasso da estratégia e da abordagem. O sucesso vai depender da capacidade de colher dados críticos em tempo real, de incorporar e analisar essa base de dados atualizada, de ajustar as projeções quanto aos possíveis impactos das escolhas, rever as decisões e desenhar novas medidas e ações", escreveu o novo ministro em 24 de março.
No mesmo texto, o hoje ministro destaca que as previsões sobre o número de mortes causadas pela COVID-19 também "precisam levar em consideração o impacto de uma crise econômica nos níveis de saúde e mortalidade da população" e que ignorar os impactos econômicos da pandemia é um erro dos gestores.
Em Brasília e discursando pela primeira vez como ministro, Teich defendeu a testagem em massa da população, o isolamento social e disse que não haverá mudanças radicais nas políticas públicas adotadas até o momento para lidar com o coronavírus.