Resposta 'cínica' de Trump à pandemia prioriza empresas em vez da vida dos americanos, diz professor

Para salvar vidas, a economia da China quase parou, enquanto os EUA poderão suspender as medidas de confinamento cedo demais para ajudar as grandes empresas.
Sputnik

Um artigo publicado na quinta-feira (16) no jornal The New York Times, intitulado "A economia da China encolhe terminando com quase meio século de crescimento", destaca que o surto do novo coronavírus pôs fim ao crescimento "extraordinário" da China de quase meio século.

As autoridades chinesas anunciaram na sexta-feira (17) que a economia do país caiu 6,8% durante os primeiros três meses de 2020 em comparação com o período homólogo de 2019, sendo que a maioria das fábricas e empresas em todo o país esteve encerrada em janeiro e fevereiro, em um tentativa vigorosa de conter a propagação do vírus.

"O golpe na economia chinesa é enorme, e todos antes sabiam que isso iria acontecer, porque, basicamente, existem duas estratégias para lidar com o coronavírus", disse John Ross, professor do Instituto Chongyang da Universidade Popular da China em entrevista à Sputnik International.

"Uma delas, a escolhida pela China, consiste na prioridade absoluta de salvar vidas. Basicamente você precisa de encerrar grandes partes da economia […] só depois você consegue reduzir o número de pessoas infetadas até próximo do zero. Agora, a média diária de [novos casos] na China é de seis, que podem ser localizados, e você pode lidar com isso", explicou Ross.

"A segunda, que eu receio ser o que tem acontecido nos EUA a nível central, embora eu saiba que algumas cidades americanas estão fazendo coisas boas, é na verdade uma variante de obtenção de imunidade de grupo", disse o professor, explicando que o plano não é "impedir que as pessoas morram, porque, a fim de conseguir desbloquear a economia em segurança é necessário que o número de casos seja muito baixo, próximo de zero, [...] se você tentar levantar as restrições de confinamento quando ainda tem milhares de casos por dia [...] terá um grande número de mortes", comentou.

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Embora a segunda maior economia do mundo, a chinesa, tenha sido atingida severamente, ela acabará por recuperar, especialmente agora que o país levantou muitas restrições de viagens e trabalho, à medida que o número de novos casos diminuiu significativamente.

Pelo contrário, nos EUA há mais de 706.000 casos confirmados do novo coronavírus, e mais de 37.000 pessoas falecidas, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou esta semana diretrizes federais para reabrir a economia de forma gradual, estado a estado, através da redução progressiva das restrições à circulação e interações sociais.

Ontem durante o informe oficial à imprensa, Donald Trump disse que "a América quer se abrir e os americanos querem se abrir", notando que "o confinamento nacional não é uma solução sustentável a longo prazo".

A resposta a esta crise da Administração Trump "é uma tentativa de manter as grandes empresas em atividade, continuando a obter lucros da maneira mais cínica [...] a população pobre será a mais atingida", salientou Ross.

"O motivo pelo qual existe esta tentativa de culpar a China é porque a Administração dos EUA fracassou totalmente na sua preparação. Tiveram dois meses para se preparar e não fizeram nada e, por conseguinte, dezenas de milhares de americanos morreram. Eu receio que, do jeito que isso está, mais dezenas de milhares de americanos venham ainda a morrer", concluiu John Ross.

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