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'Assustador ver manifestações pela volta do regime militar', diz ministro do STF

Ministro Luís Roberto Barroso, do STF, criticou manifestações realizadas neste domingo (19) em várias cidades do país pedindo fim do isolamento social e pautas como o retorno do regime militar. 
Sputnik

Em sua conta no Twitter, Barroso se pronunciou contra as manifestações antidemocráticas, citando ao final uma frase do ativista norte-americano Martin Luther King.

​Em Brasília, o protesto, que ocorreu em frente ao quartel-general do Exército, contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro.

Além de exigirem o fim das medidas de restrição ao comércio e à circulação de pessoas para conter a disseminação do coronavírus, os manifestantes também pediam intervenção militar, fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e até mesmo um novo AI-5, ato que instaurou a fase mais dura da ditadura. 

"Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso", escreveu Barroso em outra publicação. 

Barroso não foi o único juiz da mais alta corte brasileira a se pronunciar sobre o ato em Brasília. Gilmar Mendes disse que "invocar o AI-5" era "rasgar o compromisso com a Constituição".

​O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também usou as redes sociais para criticar a manifestação. Ele disse que no Brasil, além da luta "contra o corona", era preciso combater o "vírus do autoritarismo".

​Em outra publicação, Maia disse que "pregar uma ruptura democrática diante dessas mortes é uma crueldade imperdoável com as famílias das vítimas e um desprezo com doentes e desempregados.

Ex-presidentes da República se somaram ao coro dos que se indignaram com a manifestação e a presença de Bolsonaro no protesto na capital. 

Pelo Twitter, Fernando Henrique Cardoso disse que a ida do presidente ao ato era "lamentável".

​Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou sugerindo que é possível retirar um presidente do poder por meios legais.

​No protesto em frente ao quartel do Exército, Bolsonaro subiu em cima de um carro e falou para os presentes. 

"Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente", disse o presidente.

Bolsonaro publicou um vídeo dele discursando nas suas redes sociais. 

"Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder", acrescentou Bolsonaro durante a manifestação. 

​Em outras partes do Brasil, os atos aconteceram em São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Maceió, Goiânia, Salvador, Manaus, Goiânia e Recife. 

No sábado (18), houve carretas em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Niterói. 

Brasil soma 2.462 mortes pela COVID-19

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o isolamento social para diminuir a velocidade de propagação da COVID-19. O Ministério da Saúde, até o momento, vem pedindo para a população respeitar o distanciamento, embora o presidente defenda a reabertura do comércio. 

Segundo o último boletim do ministério, divulgado neste domingo, o Brasil tem 2.462 mortes e 38.654 casos do novo coronavírus.

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