"Acho que precisamos dar uma boa olhada na OMS e no que fazemos com isso", afirmou Pompeo à Fox News na quarta-feira (22). "Nós a reformamos em 2007, então não é a primeira vez que temos que lidar com as deficiências dessa organização que fica dentro da ONU. Precisamos de uma correção. Precisamos de uma correção estrutural com a OMS".
O presidente Donald Trump suspendeu o financiamento dos EUA à OMS na semana passada, acusando-a de ser "centrada na China e promovendo a "desinformação" chinesa sobre o surto. Os funcionários da OMS negaram isso e a China insiste que foi transparente e aberta.
Os EUA têm sido o maior doador geral da OMS, contribuindo com mais de US$ 400 milhões em 2019, aproximadamente 15% de seu orçamento. Autoridades dos EUA informaram na semana passada à agência Reuters que Washington poderia redirecionar esses fundos para outros grupos de ajuda.
Pompeo, perguntado se não estava descartando uma mudança na liderança da OMS, respondeu: "Mais do que isso, pode ser o caso de os Estados Unidos nunca mais voltarem a subscrever, tendo os dólares dos contribuintes dos EUA na OMS".
Questão eleitoral
Mas a possibilidade de os EUA cessarem definitivamente seu financiamento ao organismo global depende de Trump ter sucesso em sua candidatura à reeleição na votação presidencial de novembro, contra o candidato democrata Joe Biden.
Outros democratas criticaram a decisão de Trump, dizendo que ele estava tentando desviar a culpa de seu governo pelo tratamento do surto do novo coronavírus nos Estados Unidos. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, classificou a medida para suspender o financiamento da OMS "perigosa".
Na quarta-feira, Pompeo destacou que os EUA "acreditavam firmemente" que Pequim havia falhado em relatar o surto em tempo hábil, violando as regras da OMS, e falhado em relatar a transmissão do vírus humano a humano "por um mês, até que estivesse em todas as províncias da China".
Pompeo comentou que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, não usou sua capacidade de "ir a público" quando um Estado membro não seguiu as regras.
Ele pontuou que a OMS tem a obrigação de garantir que os padrões de segurança sejam observados nos laboratórios de virologia em Wuhan, o epicentro do surto inicial de coronavírus na China, e que seu diretor-geral tem "enorme autoridade em relação aos países que não cumprem".
O chefe interino da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) disse na quarta-feira que os Estados Unidos avaliariam se a OMS estava sendo executada adequadamente e procurariam parceiros alternativos fora do corpo.
O surto do novo coronavírus começou no final do ano passado na China e se tornou uma pandemia global. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, a doença matou mais de 185 mil pessoas em todo o mundo, incluindo quase 48 mil nos Estados Unidos, tornando-o o país mais atingido pelas estatísticas oficiais.