Trata-se de uma quantidade que pode ter consequências catastróficas para a economia norte-americana no setor petroleiro, apontam vários analistas do Wall Street Journal.
Estas embarcações, que deverão atracar em maio, carregarão rapidamente todos os armazéns situados na costa do golfo dos EUA. Este volume é sete vezes maior do que estes territórios costumavam receber durante um mês típico de 2019.
"Este é o Pearl Harbor para os produtores de energia. Sabemos que os navios estão chegando e, contudo, ninguém está fazendo nada a respeito. Cada barril que trazem reduz um barril extraído aqui, na Bacia Permiana", salientou ao jornal norte-americano Kirk Edwards, presidente da companhia Latigo Petroleum.
Contudo, existem especialistas que se mostram mais positivos com seus prognósticos sobre o novo fornecimento. Por exemplo, o ex-presidente da empresa Centennial Resource Development, Mark Papa, resumiu que o petróleo cru saudita será maléfico aos EUA somente "a curto prazo".
Não é um segredo que o excesso de oferta criado por estes fornecimentos ameaça reduzir ainda mais os preços já baixos do petróleo cru e pressionar os produtores norte-americanos, de Dakota do Norte até o Texas, para que estes, finalmente, fechem a extração em seus poços.
Na semana passada, as reservas dos EUA aumentaram em 19,2 milhões de barris, segundo o Departamento de Energia. Isto fez com que o preço de referência despencasse até US$ 19,87 (R$ 111) por barril, o nível mais baixo em 18 anos. Ao mesmo tempo, o preço dos contratos futuros da marca WTI com o fornecimento em maio caiu para abaixo de zero. Os preços sofreram esta dinâmica porque os EUA chegaram a ficar sem espaço para armazenar o petróleo.
Contudo, várias fontes norte-americanas destacaram que, de fato, existiam armazéns disponíveis. Neste caso, a desvalorização do petróleo poderia se explicar se alguém tivesse reservado o espaço que sobrou, sugere o colunista russo Ivan Danilov em artigo na Sputnik.
"Desta maneira, se provocou uma desvalorização sem precedentes dos contratos futuros e se causou um sério dano a empresas norte-americanas", destaca Danilov.
Os navios sauditas, que já tomaram rumo aos EUA, foram carregados de petróleo em março e no começo de abril, quando Riad buscava incrementar a extração de petróleo cru com o objetivo de baixar os preços e ganhar quota de mercado. Desde então, os EUA chegaram a um acordo com quase duas dezenas de países, incluindo a Arábia Saudita, sobre uma histórica redução da produção do petróleo cru para estabilizar os mercados.
"Em grande parte essa frota de navios-cisterna se parece como um lento torpedo disparado contra o navio da revolução do xisto dos EUA, que já está prestes a naufragar", opina o colunista.
Esta é a razão pela qual os presidentes, acionistas e credores das empresas norte-americanas buscam influenciar esta situação no mercado através dos meios de comunicação e grupos de influência na Casa Branca, enfatiza o autor do artigo.
Com o objetivo de aliviar o impacto do tsunami que se aproxima, o presidente norte-americano, Donald Trump, poderia proibir o descarregamento deste petróleo sob pretexto de proteger a segurança nacional. Porém, não mudaria a complexidade desta situação, considera Danilov.