A Marinha dos EUA informou que aproximadamente 777 membros da tripulação do porta-aviões testaram positivo para o novo coronavírus, conforme informa a Popular Mechanics.
Os cientistas encontraram uma curiosa anomalia relacionada às taxas de infecção a bordo do navio: ao contrário da população geral dos EUA, onde aproximadamente 25% dos pacientes positivos são assintomáticos, a bordo do porta-aviões esse número atingiu quase 50%, sendo que a maioria seriam homens e mulheres sem qualquer problema de saúde e com menos de 30 anos.
Em entrevista ao Washington Post, o professor de epidemiologia e medicina da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Timothy Brewer afirmou que as instalações do porta-aviões podem ser utilizadas para ajudar na compreensão de como as condições onde as pessoas se encontram pode influir na transmissão do vírus.
"Quantos mais dados exatos obtivermos, melhor poderemos interpretá-los e chegar às devidas conclusões", afirmou o Dr. Brewer.
O Dr. Albert Ko, presidente da Escola de Saúde Pública de Yale, afirmou que as condições envolvendo jovens militares a bordo do porta-aviões podem ajudar no estudo da disseminação do coronavírus em um ambiente controlado, ajudando a preencher a "lacuna de conhecimento" que atualmente existe sobre o impacto provocado pelo vírus sobre os jovens, bem como seu papel na disseminação.
"Muitos planos são baseados em testar pessoas que estão doentes, isolá-las, rastrear seus contatos e colocá-las em quarentena [...] Se houver muita transmissão assintomática, então essa estratégia será ainda mais difícil", ressaltou.
A Marinha norte-americana irá efetuar um estudo ao longo de uma semana, contendo questionários sobre as condições de vida dos marinheiros e quaisquer potenciais sintomas que possam apresentar.
Recentemente, os pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia e do Departamento de Saúde Pública do país realizaram testes de anticorpos, descobrindo que as infecções por coronavírus podem ser mais difundidas do que se pensava, o que poderia significar que as taxas de fatalidade são menores que as estimadas.
Os cientistas pediram cautela sobre as conclusões, mas, se os resultados forem extrapolados para todo o país, isso pode significar que a letalidade do COVID-19 está muito abaixo dos 17,7% estimados com base nos últimos números da Universidade Johns Hopkins.
O pico de infecção por coronavírus no porta-aviões norte-americano ocorreu no final de março, gerando controvérsias no alto comando da Marinha.
O capitão do porta-aviões, Brett Crozier, que também testou positivo, foi destituído de seu cargo depois de escrever uma carta onde pedia aos seus superiores que tomassem medidas imediatas para ajudar sua tripulação após registrar diversos casos de COVID-19 na embarcação.