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'Pandemia mais grave': Brasil aparece como possível próximo epicentro da COVID-19

O Brasil está emergindo como o possível novo epicentro da pandemia do novo coronavírus, enquanto o presidente Jair Bolsonaro insiste que é apenas um "aperto" e que não há necessidade de impor as medidas severas que retardaram a propagação da infecção no país.
Sputnik

Como alguns estados dos EUA e alguns países europeus tomaram medidas nesta segunda-feira (27) para relaxar gradualmente seus limites de mobilidade e comércio, a intensificação do surto no Brasil - o maior país da América Latina com 211 milhões de habitantes - levou os hospitais ao limite e várias vítimas fatais morreram em casa.

"Aqui temos todas as condições para que a pandemia se torne muito mais grave", alertou Paulo Brandão, virologista da Universidade de São Paulo, citado pela agência Associated Press.

O Brasil registrou oficialmente até o momento 4.543 mortes e quase 66.501 infecções confirmadas, mas acredita-se que os números reais, como em muitos outros países, sejam muito maiores, devido à falta de testes e que muitas pessoas sem sintomas graves não procuraram atendimento hospitalar.

Alguns cientistas indicaram que mais de 1 milhão de pessoas no Brasil provavelmente estão infectadas. E a crise da saúde pode surgir à medida que o país entra no inverno, o que pode piorar as doenças respiratórias.

Bolsonaro questionou a seriedade do novo coronavírus e afirmou que as pessoas precisam retomar suas vidas para evitar uma crise econômica. No entanto, a maioria dos governadores estaduais adotou restrições para conter a disseminação e pressionou as pessoas a ficar em casa.

Em meados de abril, Bolsonaro demitiu seu popular ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após uma série de desentendimentos sobre os planos de conter o vírus e o substituiu por um defensor da reabertura de atividades econômicas, Nelson Teich. Brasileiros protestaram ao bater panelas e frigideiras em janelas de todo o país.

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Colapso acena

Oficiais médicos no Rio de Janeiro e em pelo menos outras quatro grandes cidades alertaram que seus sistemas hospitalares estão à beira do colapso ou estão saturados demais para receber mais pacientes.

Em São Paulo - a maior cidade da América do Sul em uma área metropolitana altamente concentrada, com mais de 21 milhões de habitantes, a maioria em situação de pobreza - as autoridades emitiram 236 atestados de óbito nas últimas duas semanas para pessoas que morreram em casa, dois vezes o valor anterior ao surto, de acordo com o serviço paramédico do SAMU.

Manaus, uma cidade amazônica com 1,8 milhão de habitantes, registrou 142 mortes no domingo (26), as mais recentes, incluindo 41 pessoas que morreram em casa. No cemitério principal, os trabalhadores estão cavando túmulos. A indústria funerária do Brasil alertou na semana passada que a cidade estava ficando sem caixões e "cadáveres em breve poderiam ser deixados nas esquinas".

O número oficial de mortos pelo vírus ultrapassou 210 mil em todo o mundo, de acordo com uma contagem da Universidade Johns Hopkins. O número de mortos nos Estados Unidos já é de aproximadamente 55 mil – na Guerra do Vietnã, o país perdeu 58 mil. Na Itália, Reino Unido, Espanha e França, houve mais de 20 mil mortes por país.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson voltou ao trabalho na segunda-feira após se recuperar do COVID-19 e alertou enfaticamente que o confinamento em seu país não seja relaxado muito cedo. "Eu me recuso a desperdiçar todos os esforços e sacrifícios do povo britânico e arrisco um segundo grande surto e uma enorme perda de vidas", disse.

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