EUA jogam carta taiwanesa contra posição da China na OMS, alertam especialistas

Responsáveis pelas pastas da Saúde dos EUA e de Taiwan conversaram em 27 abril por teleconferência, malgrado a inexistência de laços diplomáticos oficiais.
Sputnik

A conversa parece vir na sequência da lei assinada pelo presidente dos EUA no mês passado para ativar os contatos oficiais entre as autoridades norte-americanas e a administração de Taiwan.

Promessa dos EUA

Segundo o site Bloomberg, o secretário da Saúde norte-americano, Alex Azar, discutiu com seu interlocutor taiwanês a luta contra o coronavírus e prometeu apoio a Taipé junto da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em resposta, seu homólogo Chen Shih-chung disse esperar que os EUA continuem a apoiar a plena participação de Taiwan na OMS como observador, bem como sua participação nas reuniões, mecanismos e atividades da OMS.

Trunfo de Taiwan

Igor Shatrov, chefe do conselho de especialistas do Fundo de Desenvolvimento Estratégico, afirmou em entrevista à Sputnik China que os EUA estão habituados a recorrer à cartada de Taiwan sempre que lhes convém.

"Taiwan sempre foi utilizada ativamente pelos EUA em jogos políticos contra a China continental. Quando convém melhorar as relações com a China, a participação dos EUA na vida de Taiwan é reduzida. Quando os americanos querem pressionar Pequim, Taiwan recebe toda a atenção e apoio norte-americano", referiu Shatrov.

Na opinião de Shatrov, os EUA estariam se servindo da questão da participação da ilha em várias organizações internacionais. Neste caso concreto, os Estados Unidos pretendem pressionar a China continental, tentando mudar o atual estatuto de Taiwan dentro da OMS.

O especialista vê esta iniciativa dos EUA como parte de sua ofensiva contra a OMS, motivada pela sua preocupação com a alegada influência da China nesta organização. Contudo, Shatrov duvida da capacidade norte-americana de criar uma situação de "duas Chinas" na OMS.

Taiwan entra no jogo

Em entrevista à Sputnik, Bi Dianlong, especialista em problemas das relações entre a China continental e Taiwan, manifestou a opinião que Taipé se tornou um peão no jogo dos EUA contra a China durante a presente crise pandêmica global.

Esta crise "pode representar um sério golpe para a reeleição de Donald Trump para um segundo mandato. Neste contexto, ele precisa encontrar a quem atribuir suas falhas", acrescentou.

Bi Dianlong não tem dúvidas que esse bode expiatório é a China continental, salientando que Taiwan entrou no jogo dos EUA, predispondo-se a ser seu peão.

"No entanto, Taiwan está equivocada ao acreditar que pode usar a crise pandêmica como uma chance de fortalecer sua posição internacional. Suas tentativas de criar dificuldades à China continental poderiam mergulhar a própria ilha em uma crise muito profunda e generalizada", estima o especialista.

China acusa EUA

Em 28 de abril, a China reiterou que as acusações dos EUA contra a China são uma mera tentativa de camuflar suas responsabilidades pelo fracasso no combate à pandemia e de distrair a atenção pública do problema.

Em declarações à mídia em 28 de abril, Geng Shuang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, acusou os EUA de ignorar, mentir e manipular repetidamente dados reais.

Contudo, asseverou que as tentativas dos políticos norte-americanos de atribuir sua própria culpa à China não serão capazes de denegrir os enormes esforços do povo chinês em sua luta bem-sucedida contra a epidemia.

Donald Trump afirmou em 27 de abril na Casa Branca que os EUA estavam considerando várias opções para responsabilizar a China por sua incapacidade de conter a propagação do novo coronavírus. De acordo com o presidente norte-americano, a conta a apresentar seria financeiramente bem elevada.

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