Nos EUA, a indústria e o governo discutem o sacrifício de milhares de animais devido ao fechamento de diversas fábricas de processamento de carnes no país. A paralisação acompanha a crise econômica deflagrada nos EUA junto com a pandemia do novo coronavírus.
Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), afirma estar espantado com as notícias que vêm dos EUA, e acredita que a indústria brasileira mostrou poder de "organização" no atual momento.
"Isto já demonstra que nós tivemos uma organização muito mais eficiente para enfrentar pelo menos o início do novo coronavírus, que é terrível, e estamos aí em pânico, todos, porque é uma surpresa a cada a dia, a cada hora", relata o empresário em entrevista à Sputnik Brasil.
"Nós temos um excedente exportável bem significativo para ampliar gradativamente as exportações, principalmente de carne suína, mas também de aves para a China, em decorrência da queda da demanda no mercado interno [chinês]", afirma.
O produtor explica também que apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores de carne suína do mundo, o rebanho brasileiro ainda é reduzido em comparação com o dos EUA. Em um dia, os frigoríficos nos EUA chegam a abater 510 mil porcos.
"O Brasil é o quarto maior produtor de suínos do mundo, mas para dar uma ideia nós temos ao redor de um terço do rebanho dos EUA e a disponibilidade para exportação não chega a 1 milhão de toneladas", aponta.
O presidente da ABA conclui que o Brasil tem um excedente de produto neste momento e pode suprir em partes a reduzida oferta norte-americana nos mercados externos, de forma a beneficiar o produtor interno brasileiro em um momento de queda da demanda doméstica.
"O Brasil nesse momento tem um excedente que seria muito interessante para desovar um pouco o produto que, às vezes aqui no mercado interno, em decorrência da queda da demanda, pode efetivamente acontecer. Mas, em não acontecendo, certamente haverá uma redução natural da produção", conclui.