Documentos desclassificados revelam atrocidades cometidas por nazistas na Crimeia

No âmbito do projeto "Sem Tempo de Prescrição", Sputnik publica pela primeira vez documentos desclassificados sobre os crimes cometidos pelos nazistas na Crimeia.
Sputnik

Agora são conhecidos não só os detalhes das atrocidades dos Sonderkommando – unidades para propósitos especiais na Alemanha nazista. O líder de um dos esquadrões da morte, Paul Johannes Zapp, é pessoalmente responsável pelo assassinato de 13.444 pessoas, incluindo milhares de habitantes da Crimeia.

Em 1970, Zapp foi condenado pelo tribunal de Munique a prisão perpétua, porém ele foi liberado em 1986 e viveu até 1999. Agora revelou-se que ele tinha uma amante russa, de sobrenome Ivanova.

Em 1945, durante os julgamentos de Nuremberg, foi apresentado este fragmento da ata da Comissão Extraordinária soviética sobre as atrocidades cometidas por Paul Johannes Zapp:

"Em janeiro de 1942, após o exame do fosso Bagerovskiy [na Crimeia] foi revelado que a vala, de um quilômetro de comprimento, quatro metros de largura e dois metros de profundidade, estava cheia de cadáveres de mulheres, crianças, idosos e adolescentes. Havia poças congeladas de sangue perto da vala. Também havia gorros de crianças, brinquedos, fitas, botões arrancados, luvas, mamadeiras, sapatinhos, galochas com partes de braços e pernas e outras partes de corpos. Tudo isso estava salpicado de sangue e massa encefálica."

As valas antitanque espalhadas por toda a Crimeia se tornaram valas comuns para milhares de cidadãos soviéticos, civis inocentes e prisioneiros de guerra, tudo isso foi da responsabilidade de Zapp.

Trecho das declarações desclassificadas da acusada que trabalhou como intérprete de russo na Gestapo – a polícia secreta da Alemanha nazista – em Simferopol e Maikop:

"[…] [Zapp] confirmava pessoalmente as sentenças de morte de cidadãos soviéticos [...] Durante a análise dos materiais de inquérito dos acusados, pelos quais os investigadores propunham penas de prisão ou de campo de concentração, muitas vezes tomava decisões [de pena de morte] por fuzilamento."

Na Crimeia também eram usados Gaswagen – caminhões de gás, um método de extermínio utilizado pelos nazistas. Documentos desclassificados contêm o testemunho de Polina Maksimova, que naquela época tinha 14 anos e viu a execução de crianças e adultos no pátio de um hospital psiquiátrico na povoação de Aleksandrovka no início da primavera de 1942.

"[…] Eu percebi que os doentes eram carregados em um caminhão. Aproximadamente 20-30 minutos depois, o veículo com as portas fechadas se afastou do portão, mas parou quando estava a cerca de 20 a 30 metros do portão. O motor do carro estava ligado. Do seu interior se ouviam gritos desumanos, gemidos e uivos, bem como golpes nas paredes da carroceria do caminhão. Em torno do veículo havia militares alemães. Passado algum tempo, os gritos e barulhos começaram a diminuir aos poucos."

A vala Bagerovskiy, que também é mencionada nos documentos de Nuremberg, tornou-se um dos símbolos das crueldades dos nazistas na Crimeia, aí eles assassinaram mais de 7.000 pessoas.

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