No entanto, até agora todas as pistas apontavam para uma origem extragaláctica. Contudo, recentemente radiotelescópios em todo o mundo, assim como telescópios de raios X, detectaram uma FRB cuja origem pode ser um magnetar localizado na Via Láctea, relatou o portal Trust My Science em 1º de maio.
Esta seria a primeira observação de uma FRB originada em nossa galáxia. Magnetar é uma estrela de nêutrons com alto valor de campo magnético.
A rajada rápida foi detectada em 28 de abril como tendo origem no magnetar SGR 1935+2154, localizado a apenas 30.000 anos-luz de distância, e consistiu em uma explosão de ondas de rádio com duração de um milissegundo (milésimo de segundo).
O fenômeno foi detectado por vários radiotelescópios e por observatórios de raios X terrestres e espaciais.
Magnetares são possível fonte de FRBs
Embora os dados coletados ainda estejam em fase de estudo e análise, os astrofísicos acreditam que podem ter finalmente identificado a fonte das explosões radioelétricas (FRBs) observadas ao longo dos últimos anos, refere o portal.
FRBs são explosões de ondas de rádio extremamente energéticas, algumas emitindo mais energia que 500 milhões de sóis. No entanto, são muito breves, alguns milissegundos, e não se repetem, por isso são muito difíceis de observar e rastrear.
Até aqui, pensava-se que as FRBs provinham de supernovas particularmente caóticas. Recentemente, uma nova hipótese surgiu envolvendo magnetares, tipo especial de estrela de nêutrons com um campo magnético extremamente forte: cerca de 1.000 vezes mais forte que uma estrela de nêutrons convencional.
Contudo, ainda se desconhece como se formam os magnetares. O campo magnético é tão forte que distorce a forma da estrela, opondo-se efetivamente à força da gravidade. Isto produz uma tensão entre as duas forças que causa terremotos estelares gigantescos e erupções magnéticas.
FRB galáctica
Em 27 de abril de 2020, o magnetar SGR 1935+2154 foi detectado e observado por diversos instrumentos, incluindo o telescópio Swift Burst Alert Telescope, o satélite AGILE e o ISS Neutron Star Interior Composition Explorer – o telescópio da NASA na Estação Espacial Internacional. Tudo parecia normal, consistente com o comportamento observado em outros magnetares.
No entanto, em 28 de abril, o Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment, um telescópio projetado para escanear o céu em busca de eventos transitórios, fez uma detecção surpreendente, um sinal tão poderoso que o sistema não foi capaz de quantificá-lo.
Valeu aos cientistas a missão STARE2, projetada exatamente para a detecção de FRBs e consistindo em três antenas de rádio dipolo, localizadas a centenas de quilômetros de distância, que podem primeiro excluir sinais locais produzidos por atividades humanas e também permitir a triangulação de sinais.
A STARE2 detectou o sinal de forma clara, com uma fluência de mais de um milhão de milissegundos jansky. Jansky é uma unidade usada em astronomia para medir densidade de fluxo.
"Algo assim nunca tinha sido visto antes", garantiu ao portal Shrinivas Kulkarni, astrofísico e membro da missão STARE2.
Raios X também detectaram
No entanto, os pesquisadores também detectaram um fenômeno nunca antes observado em uma FRB extragaláctica: um sinal correspondente, mas em raios X. A emissão de raios X e raios gama é tão frequente em magnetares quanto as ondas de rádio.
Os sinais homólogos em raios X da FRB ocorrida no magnetar SGR1935+2154 não eram particularmente fortes nem fora do comum, na opinião do astrofísico Sandro Mereghetti, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália, citado pelo portal.
"Este é um resultado muito intrigante que apoia a relação entre FRBs e magnetars. As FRBs identificadas até o momento eram extragalácticas e nunca tinham sido observadas em raios X/gama. Uma explosão de raios X com tamanha luminosidade como a ocorrida no SGR1935+2154 seria indetectável se fosse de uma fonte extragaláctica", concluiu.
Os astrofísicos estão atualmente analisando os dados com mais detalhes, com o objetivo de comparar as assinaturas espectrais de FRBs extragalácticas com a FRB detectada no magnetar da Via Láctea.
Contudo, mesmo se confirmando a origem da FRB no SGR1935+2154, tal não implica que todas as rajadas rápidas de rádio tenham origem em magnetares.
De qualquer jeito, esperam-se para os próximos meses notícias empolgantes, prevê o portal Trust My Science.