'Lockdown' pode ser necessário por rede 'desestruturada' do SUS no RJ, diz presidente do Cremerj

Com o avanço do coronavírus, medidas mais restritivas podem servir para o poder público ganhar tempo, avalia o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) Sylvio Provenzano.
Sputnik

O Brasil tem mais de 100 mil casos confirmados de COVID-19 e 7.288 mortes causadas pela enfermidade. Apenas no Estado do Rio de Janeiro, são 11.721 casos confirmados e 1.065 mortes.

O lockdown é um bloqueio total, mais restritivo do que as medidas de distanciamento social. Essa foi a ferramenta utilizada pelo Maranhão para conter a pandemia. A partir de terça-feira (5), o Estado do Nordeste irá proibir a entrada e saída de veículos, com exceção de caminhões, ambulâncias, atividades de segurança e transporte de pessoas buscando atendimento. Todos os comércios não essenciais deverão ser fechados e o uso de mascará será obrigatório, entre outras medidas. 

Em entrevista à Sptunik Brasil, o presidente do Cremerj afirma que a pandemia explicitou um quadro já conhecido pelos médicos que trabalham no Sistema Único de Saúde (SUS) e que o isolamento social em vigor hoje "não está funcionando". 

"As dificuldades que hoje afloram à pele já eram vividas por todos nós que atuamos no SUS há muito tempo, eu há 39 anos, desde 1981. São dificuldades que vem crescendo, tanto nos hospitais da rede federal quanto nos hospitais estaduais e municipais. A dificuldade que sempre tivemos em conseguir um leito de UTI, aquele paciente que tinha sua cirurgia várias vezes adiada pela impossibilidade da reserva de um leito de UTI. Só que a COVID-19 não espera, é um quadro agudo e o leito de UTI faz-se necessário no dia de hoje".

Provenzano afirma que nesta segunda-feira (4) existem 799 pacientes no Estado do Rio de Janeiro esperando por uma vaga na UTI e que a previsão é que sequer 10% destas pessoas irão, de fato, conseguir um leito. 

De acordo com o Imperial College de Londres, a pandemia de COVID-19 está na crescente no Brasil e o país deve registrar mais de cinco mil mortes causadas pelo vírus nesta semana. 

O presidente do Cremerj alerta que o avanço da pandemia mostra que, apesar da "angústia" do confinamento, não há como relaxar as medidas de distanciamento social no momento. 

Comentar