Publicada pelo jornal The Wall Street Journal, a pesquisa aponta que o número de infecções pela COVID-19 no Brasil pode chegar a 1,6 milhão, superando os 1,1 milhão de casos divulgados pelos EUA até o momento.
A apuração para o estudo contou com dados conhecidos e publicados pela comunidade científica até o último domingo (3), e teve a participação de instituições brasileiras, como a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP).
"O Brasil já é o epicentro global do coronavírus", declarou ao jornal dos EUA o especialista em modelagem computacional, análises numéricas e líder do Laboratório de Inteligência em Saúde da USP, Domingos Alves, que também integra o portal COVID-19 Brasil.
Segundo a avaliação da Johns Hopkins, a subnotificação ocasionada pela baixa testagem da população é o que justifica os atuais números de infectados e de mortes no Brasil. De acordo com o levantamento, o Brasil realizou aproximadamente 1.600 testes por milhão de pessoas.
A título de comparação, os EUA – líder de casos e mortes no mundo, e acusado por não testar o suficiente – administram 20.200 testes por milhão, enquanto alguns países europeus estão realizando 30 mil.
Na semana passada, um levantamento feito pela agência AP com analistas brasileiros já apontava o potencial de que o Brasil seja o próximo epicentro do novo coronavírus no planeta.
O jornal dos EUA ainda ressalta que o aumento do medo pelo avanço da COVID-19 no Brasil se deve também às ações do presidente Jair Bolsonaro, um crítico amplo do isolamento social por afirmar que o trabalho e a economia deveriam ter o mesmo peso que os cuidados com a saúde – estratégia descartada por quase todas as nações, que seguem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).