Anticorpos artificiais e praias não tão inseguras: conheça mais recentes avanços contra pandemia

Cientistas por todo o mundo estão dando seu melhor para trazer as melhores soluções contra a COVID-19 que ainda está assolando o mundo. Não há vacina, mas os progressos não param.
Sputnik

A empresa de biotecnologia Yumab e a Universidade Técnica de Braunschweig, na Alemanha, criaram 6.000 anticorpos para um grupo de pesquisadores testar se eles conseguem se conectar à chamada proteína espigão, através da qual o vírus entra nas células do corpo.

"Existem muitos métodos diferentes para criar artificialmente os anticorpos. Mas o maior desafio é encontrar aqueles que realmente neutralizam o vírus", disse Ulfret Rand, cientista do Centro Helmholtz de Pesquisa de Doenças Infecciosas, à Sputnik Alemanha.

"É importante que esta proteína não só se conecte, mas realmente não possa mais entrar nas células", explicou o pesquisador.

Os cientistas afirmam ter selecionado anticorpos que se distinguem particularmente por seus efeitos.

Significado da criação

No entanto, o trabalho dos pesquisadores ainda não está completo.

"Por enquanto, esperamos poder selecionar cinco anticorpos para a etapa final de classificação, porque um tratamento eficaz requer não apenas um anticorpo, mas um coquetel inteiro de seus vários anticorpos, pois o vírus conseguiu se dividir em muitas estirpes que sofreram mutação", disse o pesquisador.

De acordo com o cientista, este é um desenvolvimento normal de cada vírus.

"Os primeiros vírus de Wuhan, por exemplo, diferem ligeiramente daqueles que foram isolados mais tarde em Ischgl [uma estação de esqui na Áustria]. E essas mudanças continuarão ocorrendo enquanto a pandemia continuar", referiu Rand.

"Temos diferentes estirpes isoladas em nosso laboratório: de Zagreb, Ischgl, Tirol do Sul, Munique e Berlim, e podemos testá-las para ver se os anticorpos podem reconhecer pequenas alterações que ocorrem ao longo do tempo no vírus. Neste caso, é importante usar combinações de anticorpos para poder neutralizar um vírus ligeiramente mudado no futuro", disse o cientista alemão.

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No entanto, o caminho para a imunoterapia ainda será longo, pois não só é necessário selecionar candidatos eficazes, mas também realizar estudos clínicos.

"Vai levar de seis a nove meses, e também depende das agências reguladoras e dos resultados de pesquisas clínicas", explicou Ulfret Rand.

Avanços na Argentina

No país das pampas, criaram o primeiro teste para descobrir se uma pessoa desenvolveu anticorpos para o novo coronavírus, que causa a doença COVID-19, comemorou o presidente do país, Alberto Fernández.

"Pesquisadores do Conicet [agência de ciência da Argentina] e a Fundação Leloir [centro de pesquisa argentino, FIL, na sigla em espanhol] desenvolveram o primeiro teste sorológico no país para o novo coronavírus, um produto 100% nacional que nos permite determinar se uma pessoa tem anticorpos."

Membros da FIL e do Conicet conseguiram desenvolver em 45 dias um teste serológico chamado Covidar IgG, que oferece seus resultados em cerca de duas horas.

O teste detecta no sangue e no soro os anticorpos que o sistema imunológico de uma pessoa gera quando ela esteve ou está em contato com o vírus SARS-CoV-2.

O teste é realizado "em placas que permitem testar 96 soros de uma só vez usando uma técnica conhecida como ELISA, a mesma usada, por exemplo, para detectar infecção pelo HIV e hepatite B", disse o Ministério da Ciência e Tecnologia.

O teste, que já foi registrado na Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT, na sigla em espanhol), "foi aplicado em amostras de soro de pacientes internados com COVID-19, confirmados ou suspeitos de infecção, em sete hospitais e centros de saúde da cidade de Buenos Aires", acrescentou o relatório científico.

Teste bem sucedido

"Em nosso laboratório nunca desenvolvemos ensaios sorológicos ou trabalhamos com coronavírus ou vírus respiratórios, mas temos um histórico que nos permite abordar problemas de virologia e resolvê-los", disse a pesquisadora líder do projeto, Andrea Gamarnik.

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O chefe do Laboratório de Virologia Molecular da FIL revelou que até agora foram feitas quase "5.000 determinações em diferentes centros de saúde com excelentes resultados".

"As condições são adequadas para oferecer uma produção imediata de 10 mil determinações por semana, que poderia chegar a meio milhão em um mês", acrescentou a pesquisadora do Conicet.

Entre outras coisas, este teste permitirá avaliar a evolução da pandemia em uma determinada população.

Os pesquisadores da FIL e do Conicet estão implementando nestas semanas uma base de dados centralizada para a análise dos resultados serológicos de todo o país.

A equipe de Andrea Gamarnik é também integrada por Marcelo Yanovsky, Julio Caramelo, Guadalupe Costa Navarro, Horacio Diego Ojeda, Martín Pallarés e María Mora González López Ledesma, das duas entidades.

Diego Álvarez, da Universidade Nacional de San Martín e do Conicet, e Jorge Carradori, diretor técnico do Laboratório Lemos, também intervieram.

Até agora, a Argentina estava usando 170.000 kits de teste que havia adquirido da China para avaliar a presença de anticorpos em uma pessoa.

Na quarta-feira (6), a Argentina confirmou 188 novos casos da doença COVID-19, o maior número de infecções detectadas desde o início da pandemia.

A quarentena em vigor desde 10 de março continuará pelo menos até 10 de maio, embora alguns municípios argentinos tenham começado a aplicar algumas exceções para o reinício das atividades e dos passeios das crianças.

Praias poderiam ser menos perigosas

Em Espanha, cientistas do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC, na sigla em espanhol) de Espanha descobriram que a COVID-19 dificilmente seria transmitida através da água em praias e piscinas.

"Em atividades recreativas, a infecção pelo SARS-CoV-2 através do contato com a água em condições normais de banho é muito pouco provável", afirma o estudo publicado pela organização.

No relatório, os cientistas explicam que agentes desinfetantes são comumente usados em piscinas e spas para prevenir a contaminação microbiana da água em que as pessoas se banham.

Estas medidas são "amplamente implementadas" nestes espaços e seriam "suficientes" para inativar o coronavírus.

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Relativamente à água do mar, observam que a diluição na água e a presença de sal são "fatores susceptíveis de contribuir para a diminuição da carga viral e sua analogia", como é o caso "com vírus semelhantes".

Além disso, o relatório lembra que as infecções por COVID-19 ocorrem principalmente através de secreções respiratórias, geradas pela tosse ou espirro, quando há contato entre as pessoas.

Apesar de tudo, alertam para a sobrevivência do coronavírus em rios e lagos, sendo estes "espaços desaconselháveis", onde "devem ser tomadas medidas de precaução para evitar aglomerações".

Outro fator potencialmente perigoso é "a prevalência do vírus na areia presente nas praias ou margens de rios", explicam, embora esclareçam que "a ação combinada do sal marinho, da radiação solar ultravioleta e da alta temperatura" são "favoráveis à inativação de patógenos".

Apesar do baixo risco de contágio em áreas aquáticas, os pesquisadores apontam que as atividades nesses locais implicam a perda das medidas de distanciamento social recomendadas para evitar a propagação do vírus.

Saída da crise sanitária em Espanha

As cidades costeiras da Espanha estão se preparando nestas semanas para a futura abertura das praias, cenário para o qual os municípios estão considerando a aplicação de medidas de segurança como redução da capacidade e espaço mínimo entre as pessoas.

Em Barcelona, a prefeitura anunciou que as praias da cidade reabrirão na sexta-feira (8), mas apenas entre as 06h e 10h para os cidadãos que queiram praticar esporte ou nadar individualmente, decisão que também já foi tomada por Málaga (Andaluzia), San Sebastián (País Basco) e Torrevieja (Valência).

Apesar da flexibilidade pela qual estas localidades optaram, cabe ao Ministério da Saúde espanhol autorizar o uso geral das praias e o regresso à época balnear.

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