De acordo com um estudo publicado em 5 de maio na revista Nature Geoscience, o polo norte magnético tem se deslocado do Canadá para a Rússia desde sua descoberta em 1831, mas seu movimento tem acelerado de 0-15 km/ano para 50-60 km/ano desde os anos 90 do século XX.
Deslocamento acelerado
O polo norte magnético é um ponto variável à superfície da Terra para o qual as linhas do campo magnético que envolvem a Terra convergem.
Segundo a equipe de pesquisadores, liderada por Phil Livermore, da Universidade de Leeds no Reino Unido, tal se explicaria por uma "competição" entre duas zonas do campo magnético no interior da Terra, uma situada sob o Canadá e outra sob a Rússia.
O estudo assinala que o lado canadense tem prevalecido até agora sobre o lado siberiano, mas a situação mudou radicalmente e o concorrente siberiano ganhou superioridade.
'Cabo de guerra'
"Descobrimos que a posição do polo norte magnético é definida por duas parcelas do campo magnético, uma sob o Canadá e a outra sob a Sibéria. Elas agem como se estivessem jogando ao cabo de guerra, controlando a localização do polo, e o norte da Rússia está levando a melhor", declarou Phil Livermore à BBC.
Os cientistas determinaram que mudanças no fluxo de material fundido no interior do planeta alteraram a correlação de forças entre as duas regiões, enfraquecendo a zona magnética canadense em detrimento da zona siberiana.
"Isso explica por que o polo acelerou repentinamente, se afastando de sua posição histórica", concluiu Livermore, autor principal do estudo.
Atravessando o oceano Ártico
Hoje, o polo norte magnético está localizado no oceano Ártico e se desloca para sul. Na época de sua descoberta, em 1831, estava localizado na costa oeste da península canadense de Boothia.
Em 2017, cruzou a linha de data internacional, passando a 390 km do polo norte geográfico e obrigando à atualização dos sistemas de navegação.
Um modelo matemático baseado em seu movimento ao longo dos últimos 20 anos mostra que o polo norte magnético continuará paulatinamente seu deslocamento na direção da Sibéria, podendo atingir a velocidade de 50-60 quilômetros por ano, de acordo com o estudo.
Dispositivos de navegação afetados
Vale recordar que o movimento do polo magnético tem sido tão significativo que, em 2019, a Administração Oceanográfica e Atmosférica Nacional dos EUA e o Serviço Geológico Britânico foram forçados a atualizar o Modelo Magnético Mundial um ano antes do previsto.
O modelo, que é uma representação do campo magnético da Terra ao redor do mundo, é amplamente utilizado em sistemas e dispositivos de navegação, tais como smartphones, para corrigir erros de bússolas locais.
O campo magnético da Terra está associado ao movimento de ferro fundido que compõe a maior parte do núcleo da Terra, entre 3.000 km e 6.300 km abaixo da superfície do planeta, e que gera correntes elétricas condutoras.