O distanciamento social não reduziu significativamente o número de mortes da gripe espanhola de 1918 porque não durou o suficiente, de acordo com um economista da Universidade de Harvard, EUA.
Em seu trabalho de pesquisa, publicado na revista National Bureau of Economic Research, o economista Robert Barro escreve que o motivo pelo qual o fechamento de escolas, a proibição de grandes reuniões e a quarentena em várias cidades norte-americanas provavelmente não salvaram muitas vidas foi que todas essas medidas "duraram em média apenas um mês".
"A lição para a pandemia de coronavírus em curso em 2020 é que, para reduzir o número total de mortes, as medidas não sanitárias utilizadas devem ser mantidas por muito mais tempo do que algumas semanas. O mais provável é que 12 semanas funcionem muito melhor do que 4 ou 6 semanas".
O especialista não analisa as perdas econômicas que se seguirão a um fechamento prolongado, mas tem certeza de que qualquer queda no Produto Interno Bruto tem que ser ponderada em relação ao valor de salvar vidas.
Barro usa o montante de US$ 10 milhões (R$ 58,9 milhões) como referência, ao qual ele atribui o valor de uma vida. Este número é contabilizado com base no valor exigido como pagamento em empregos que aumentam o risco de morte. De acordo com essas estimativas, após 12 semanas, os benefícios de um fechamento compensam os custos.
A gripe espanhola foi uma pandemia anormalmente mortal causada pelo vírus H1N1. Ela durou mais de um ano, do primeiro semestre de 1918 até meados de 1919, em seu ponto mais ativo e infectou 500 milhões de pessoas, aproximadamente um terço da população mundial naquela época, atingindo principalmente pessoas em idade ativa. É estimado que o número de mortes poderia ter chegado a 100 milhões, tornando-a uma das pandemias mais mortíferas da história da humanidade.