Enxaguantes bucais podem ser capazes de danificar a membrana ou cápsula que envolve o vírus e dessa forma reduzir as possibilidades de infecção, segundo um artigo científico publicado em 14 de maio pela Universidade de Oxford.
Cápsula viral lipídica
O artigo, da autoria de um grupo de cientistas liderado por Valerie O'Donnell, do Instituto de Pesquisa de Imunidade de Sistemas da Universidade de Cardiff (Reino Unido), revela dados que demonstram a importância da garganta e das glândulas salivares na replicação e transmissão do novo coronavírus.
O artigo científico foi sintetizado em uma notícia do jornal britânico The Independent, e refere que o SARS-Cov-2, que causa a doença COVID-19, é um vírus cercado por uma membrana gordurosa ou lipídica, sensível a agentes químicos.
Os autores do artigo escreveram que enxaguantes bucais são uma "área subpesquisada", alertando para a "grande necessidade clínica" de se saber se a lesão dessa membrana poderia ter um papel na parada do vírus na garganta.
Pesquisas anteriores mostraram que enxaguantes bucais poderiam danificar a membrana em outros vírus. No novo artigo, pesquisadores destacaram que ainda não se sabe se isso seria o caso do novo coronavírus, lamentando que o seu uso ainda não tenha sido levado em conta pelos órgãos de saúde pública no Reino Unido.
Enxaguantes bucais são eficazes em certos vírus
"Em experiências com tubos de ensaio e estudos clínicos limitados, constatamos que alguns enxaguantes bucais contêm ingredientes viricidas em quantidade suficiente para atacar eficazmente os lípidos das cápsulas virais de vírus semelhantes", afirmou Valerie O'Donnell, citada pelo The Independent.
Contudo, "ainda não sabemos se enxaguantes bucais existentes são ativos contra a membrana lipídica do SARS-CoV-2", precisou, não deixando de salientar a importância de se "pesquisar com urgência seu potencial de uso contra este novo vírus" de molde a "avaliar mais a fundo esta questão", rematou a autora principal do artigo científico.
Reconhecendo que os colutórios ainda não foram testados contra este novo coronavírus, a líder da equipe adianta, no entanto, que "outros estudos clínicos poderiam valer a pena com base nas evidências teóricas".