Europa deveria se precaver de 2ª onda da COVID-19 em vez de celebrar melhorias, diz diretor da OMS

Europa deve se preparar para uma segunda onda mortal do coronavírus ao invés de celebrar diariamente reduções de infecções e mortes, alertou o diretor da OMS na Europa.
Sputnik

Hans Kluge, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, mostrou-se muito preocupado com a possibilidade de no próximo inverno do Hemisfério Norte um novo surto de coronavírus coincidir com outras doenças sazonais, como a gripe.

Precaver-se e não celebrar

Em entrevista ao The Telegraph, Kluge afirmou que o presente "momento deve ser de preparação e não de celebração", mesmo que o número diário de casos e mortes esteja diminuindo, pois isso não significava que a pandemia esteja chegando ao fim.

"Singapura e Japão entenderam cedo que este não é um momento para comemorar, é um momento para se preparar", afirmou Kluge.

Espanha, Itália, França e Reino Unido, todos gravemente atingidos pelo novo coronavírus, estão agora mostrando sinais positivos de recuperação.

Contudo, para o alto responsável da OMS, é necessário "fortalecer os sistemas de saúde, aumentando a capacidade de leitos para que os países estejam prontos para preparar mais pacientes e que os países deveriam usar este tempo sabiamente para aprender com a primeira onda de infecção e começar a fortalecer os sistemas de saúde pública".

"Isso significa capacitação em hospitais, unidades de cuidados primários e de terapia intensiva", ressaltou Kluge.

"É isso que os países escandinavos estão fazendo, não excluem uma segunda onda, mas esperam que ela seja localizada para poderem ultrapassá-la rapidamente", acrescentou.

Segundo o Daily Mail, a maioria dos cientistas concorda que haverá uma segunda onda do vírus, na ausência de uma vacina, só não sabendo onde e quando ocorrerá.

Hans Kluge se manifesta "muito preocupado com uma onda dupla no outono [no Hemisfério Norte] – uma segunda onda de COVID-19 e outra de gripe sazonal ou sarampo".

As suas declarações vão de encontro a preocupações manifestadas por outros especialistas, que receiam um reaparecimento do vírus no inverno do Hemisfério Norte, como resultado da sazonalidade ou do cancelamento das medidas de restrições e confinamento.

Um novo surto do coronavírus, acompanhado da gripe sazonal, colocaria em sérias dificuldades os diversos sistemas de saúde europeus.

Para o Daily Mail, ainda não está claro se o coronavírus é endêmico, ou seja, se circula em níveis iguais durante todo o ano, ou é sazonal, atingindo um pico nos meses mais frios do inverno.

Outros tipos de vírus, como aqueles que provocam os resfriados, aumentam acentuadamente nos meses de inverno.

Exemplo da gripe espanhola de 1918

Receios da possibilidade de uma segunda onda do SARS-CoV-2 têm sido assombrados pelo exemplo da pandemia da gripe espanhola de 1918, que teria matado 50 milhões de pessoas, mais do que as vítimas da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918.

A gripe espanhola veio em três ondas – primavera de 1918, outono de 1918 e inverno de 1919, escreve o Daily Mail.

Enquanto as tropas viajavam pelo mundo vindas de numerosos países para combater na Primeira Guerra Mundial, o vírus foi capaz de se espalhar rapidamente pelo globo.

A primeira onda do vírus foi particularmente mortal para as gerações mais velhas e vulneráveis, mas à medida que o número de casos diminuiu, as pessoas começaram a baixar a guarda, abrindo caminho para a segunda onda.

Europa deveria se precaver de 2ª onda da COVID-19 em vez de celebrar melhorias, diz diretor da OMS

Acredita-se que a segunda onda, no outono do mesmo ano do primeiro surto, tenha sido ainda mais mortal do que a primeira, pois houve uma mutação do vírus para uma forma mais severa e, desta vez, afetando os jovens.

O vírus reapareceu na Austrália para a terceira onda, no inverno seguinte, antes de se espalhar novamente pelo mundo.

Embora não tenha sido tão grave quanto a segunda onda, foi mais mortal que a primeira.

Desconfinamento

Pouco a pouco, países europeus vão introduzindo medidas de flexibilização das restrições impostas devido à pandemia, abrindo gradualmente escolas, por exemplo, e dando fôlego à economia, com a reabertura de negócios até então tidos como não essenciais e a redução progressiva de teletrabalho.

Contudo, foram mantidas regras rigorosas de distanciamento social e uso de acessórios de proteção, como máscaras e luvas.

O epicentro do surto europeu está agora no leste, com o número de casos aumentando na Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Cazaquistão, segundo informou Hans Kluge.

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