Governo boliviano acusa partido de Morales de desestabilizar o país

Diversas organizações sociais e sindicatos exigem a marcação da data das eleições, que ainda não foram realizadas desde que a presidente Jeanine Áñez derrubou Evo Morales do poder no ano passado.
Sputnik

O governo de transição da Bolívia acusou os crescentes bloqueios de estradas como fazendo parte de um plano de desestabilização promovido pelo Movimento ao Socialismo (MAS) contra a candidatura da presidente Jeanine Áñez.

Os manifestantes exigem a marcação de uma data para as eleições gerais.

"Eles sabem que, se amanhã houver uma eleição ou no domingo, quem vai ganhar é a sra. Jeanine Áñez, sabem disso, e é por isso que agora estão procurando desestabilizar o país", disse Arturo Murillo, ministro do Governo, em entrevista coletiva, se referindo aos líderes e militantes do MAS, o partido liderado pelo ex-presidente Evo Morales.

Ele afirmou que o MAS, cujo candidato Luis Arce era claro favorito nas urnas antes da crise da pandemia da COVID-19, estaria realizando "uma ação política [que] é uma questão de dinheiro, chantagem, extorsão que eles fazem ao povo".

Governo boliviano acusa partido de Morales de desestabilizar o país

Murillo fez o pronunciamento logo após as principais organizações sindicais do país terem emitido um comunicado de imprensa exigindo que o Supremo Tribunal Eleitoral fixe uma data para as eleições o mais breve possível, conforme exigido pelos sindicatos e organizações de bairro, que bloqueiam estradas em quatro departamentos do país.

O MAS "só busca desestabilizar o país através dessas manifestações, apesar da emergência sanitária causada pela pandemia global, mas a única coisa que conseguiu foi perder o apoio da população, e por isso investiu dinheiro em alguns movimentos sociais", disse Murillo.

Ele acrescentou que os pedidos de demissão da presidente Áñez que surgiram em alguns pontos de bloqueio fariam parte da mesma estratégia do MAS.

Pressão crescente

Entre as organizações que exigem uma data para a votação, que deve ser realizada até 2 de agosto deste ano, de acordo com uma lei aprovada pelo parlamento, estão as federações de mineiros e de camponeses, uma federação de bairro em El Alto e sindicatos do transporte, bem como vários líderes da Central Boliviana de Trabalhadores.

"A única coisa que resta para este governo de transição é, através do seu Órgão Eleitoral chefiado por Salvador Romero, que nos diga o dia da eleição proposto, mas já de maneira formal, caso contrário eles serão responsáveis pelas ações que o povo no seu conjunto irá tomar", disse Orlando Gutiérrez, líder da Federação dos Mineiros.

O líder camponês Froilán Mamani disse que a demanda por eleições "tem como objetivo instalar um governo legítimo que enfrente a COVID-19".

As organizações sociais expressaram seu "pleno apoio" às medidas de pressão, como os bloqueios de ruas e rodovias iniciados há uma semana pelos moradores de um setor popular da cidade de Cochabamba (no centro), que passaram da exigência inicial de acabar com o confinamento sanitário para a exigência de eleições gerais, e até mesmo a renúncia da presidente Áñez.

Ao mesmo tempo, desde o fim de semana há relatos de bloqueios de estradas na região agroindustrial de Yapacaní, no departamento de Santa Cruz (leste), com as mesmas exigências.

Desde domingo (17), também há bloqueios na periferia da cidade de El Alto e nas províncias do norte de Potosí, no sudoeste do país.

O ministro Murillo disse que o governo pretende resolver os protestos através do diálogo, mas que não cederá à pressão.

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