Notícias do Brasil

Cloroquina deve ter uso restrito a 'estudos clínicos', diz Sociedade Brasileira de Infectologia

Apesar da campanha em defesa da cloroquina e da hidroxicloroquina, a Sociedade Brasileira de Infectologia recomenda o uso dos medicamentos apenas em casos estritamente controlados.
Sputnik

Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Saúde publicou o documento técnico "Orientações para manuseio medicamentoso precoce de paciente com diagnóstico de Covid-19". Ele substitui documento divulgado pelo mesmo Ministério da Saúde na quarta-feira (20) que não contava com a assinatura de nenhum técnico da pasta. 

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o secretário de ciência e tecnologia no início da semana, Antônio Carlos de Carvalho, não aceitou subscrever ao texto e pediu para deixar o cargo na segunda-feira (18). Vania dos Santos o substituiu e assina a nova peça. 

Também foram alterados outros itens como bibliografia e dosagem recomendada. 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, são defensores do medicamento. O líder brasileiro escreveu em seu Twitter que "ainda não existe comprovação científica" sobre o uso da cloroquina, mas pontuou que "pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado".

Já Trump revelou estar tomando o medicamento de maneira "preventiva"

​O diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, afirmou que os países são soberanos para adotar suas políticas de saúde, mas ressaltou que o medicamento não tem sido "efetivo" para o tratamento da COVID-19.

"A grande questão é que não existe no mundo estudos comprovando que essa seja uma prática eficaz, que possa realmente trazer esses benefícios e, obviamente, essas medicações têm alguns riscos, principalmente quando usadas em massa, principalmente riscos cardiológicos", afirma à Sputnik Brasil o professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia Estevão Urbano.

A cloroquina e sua derivada hidroxicloroquina, avalia Urbano, são uma alternativa valida apenas em "estudos clínicos" e em "locais seguros" com acompanhamento médico constante porque podem causar alterações perigosas no ritmo do coração. O professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas também critica o uso "indiscriminado e rotineiro" do medicamento durante a pandemia de coronavírus. 

Casos de "morte súbita" foram registrados em pacientes, diz Urbano. 

Também nesta quinta-feira (21), o Brasil atingiu a marca de 20.047 mortes causadas pela COVID-19 e 310.087 casos confirmados da enfermidade. 

Comentar