Por que grandes bancos dos EUA estimulam troca de dólares por ouro?

Barras de ouro no Cazaquistão
Apesar da Reserva Federal dos EUA lutar contra a crise econômica, grandes bancos norte-americanos como JPMorgan e Goldman Sachs recomendam a compra de ouro.
Sputnik

No contexto de medidas sem precedentes para estimular a economia mundial ante a proliferação da COVID-19 e as turbulências geopolíticas, banqueiros dos EUA consideram que o ouro é menos vulnerável do que dólares.

"As medidas monetárias e fiscais sem precedentes desatadas em todo mundo podem conduzir a um crescimento mais fraco a longo prazo e a desvalorização da moeda, apoiando os preços do ouro", cita a agência Bloomberg o informe do banco JPMorgan Chase & Co.

Analistas do banco acreditam que o dólar, se houver uma desvalorização massiva de moedas mundiais, será o menos afetado, mas ainda assim recomendam aos clientes o ouro como principal ativo, cujo valor se mantém em um nível alto.

No final de março, outro banco norte-americano, Goldman Sachs, propôs aos seus clientes que comprassem ouro, quando ainda era 10% mais barato que agora. O jornal Financial Times escreveu: "Goldman Sachs disse a seus clientes que é hora de comprar ouro."

Banqueiros não enxergam somente riscos inflacionários, mas também os riscos geopolíticos associados ao dólar e às vulnerabilidades do sistema financeiro dos EUA.

Por que grandes bancos dos EUA estimulam troca de dólares por ouro?
Por que grandes bancos dos EUA estimulam troca de dólares por ouro?

JPMorgan indica que agora os competidores e oponentes norte-americanos no ambiente internacional têm oportunidades tecnológicas que ameaçam a hegemonia norte-americana na esfera financeira.

"À medida que a ideia das moedas digitais dos bancos centrais começa a ganhar força, os EUA também devem prestar atenção neste ponto, caso contrário, se arriscam a perder um aspecto importante de seu poder geopolítico, segundo JPMorgan Chase & Co", escreve Bloomberg.

Se a China e a União Europeu conseguirem criar versões digitais de suas moedas, que funcionam praticamente à margem do sistema bancário tradicional, existe um enorme risco de que o dólar fique fora do comércio internacional, analisa Ivan Danilov, colunista da Sputnik.

Muito antes da pandemia do coronavírus e os experimentos chineses com o yuan digital, vários bancos centrais, incluindo os bancos de alguns aliados dos EUA, começaram a comprar ouro ou repatriar lingotes armazenados no exterior.

É difícil prever quando e em que forma se reconfigurará o sistema financeiro mundial, mas o fato de que grandes agentes geopolíticos já estão se preparando ativamente para essas reconfigurações e seus riscos é inquestionável, conclui Danilov.

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