Brasil pode reverter subnotificação de casos da COVID-19, diz médico

Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas aponta que o Brasil pode ter até sete vezes mais casos de COVID-19 do que os registrados oficialmente. A Sputnik Brasil ouviu o presidente do CREMERJ, Sylvio Provenzano, que comentou sobre a capacidade atual de testagem no Brasil.
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Para Sylvio Provenzano, presidente do Conselho de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ), a pesquisa provavelmente está correta.

"No começo da pandemia, quando os primeiros casos começaram a aparecer, nós não dispúnhamos de kits de exames suficientes para confirmarmos o diagnóstico da COVID-19 e, uma vez que a doença não fosse confirmada, o médico não tinha como, obviamente, fazer a notificação", explica Provenzano em entrevista à Sputnik Brasil.

Segundo Provenzano, a situação atual no número de kits de testes é mais confortável e há uma tendência de reversão da subnotificação atual.

Além disso, o presidente do CREMERJ espera que brasileiros levem a sério a COVID-19 que, mesmo se manifestando em sintomas leves em boa parte da população, apresenta certo perigo.

"Apesar de tudo o que tem sido alertado, apesar de tudo o que tem sido recomendado, eu acredito que o 'Brasileiro, Profissão: Esperança'. O que acontece: as pessoas acham que aquilo acontece de repente com vizinho, não acontece com elas. É bom que as pessoas saibam que o SARS-CoV-2 ele tem uma particularidade que o caracteriza: apesar de que em 80% das pessoas provavelmente a doença vai se manifestar de forma branda, em 20% ela vai ter sintomas, em 5% esses sintomas podem ser muito graves, o que vai requerer inclusive leitos de UTI. E foi por essa razão e não por outra, aliás que os governos resolveram fazer o isolamento horizontal de modo a tentar diminuir a disseminação do vírus na população, para que elas pudessem correr atrás do prejuízo que nós tínhamos com falta de leitos de UTI."

Enquanto isso, o especialista assinalou que a situação com a disponibilidade dos leitos UTI no Brasil tem melhorado, tornando apropriada a assistência médica a pelo menos grande parte dos pacientes com o coronavírus.

Comentando a possibilidade de testagem em massa, o médico admitiu a sua possibilidade.

"Eu acredito honestamente […] que a gente já está a partir de agora capacitado para testar todos aqueles que precisam. Que são aquelas pessoas que têm sintomas gripais, mesmo sintomas gripais leves."

Segundo o mais recente balanço do Ministério da Saúde, o Brasil tem 391.222 casos confirmados da COVID-19 e 24.512 mortes causadas pela doença.

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