Genevieve von Petzinger, paleoantropóloga especialista em pinturas rupestres da Universidade de Victoria, da província canadense da Colúmbia Britânica, está em uma posição muito boa para encontrar o que ela apelidou de Santo Graal da sua área de estudo.
Especializada em arte rupestre europeia, acabou de receber uma bolsa da National Geographic para testar material genético em pinturas e inscrições de 40.000 anos de caverna na Espanha, informa a CBS Canadá.
Pergunta de 1 milhão de dólares
Genevieve crê igualmente que marcas em paredes de cavernas como a de El Castillo, na Espanha, podem ter feito parte de um sistema de comunicação gráfica da Era do Gelo, muito antes de a escrita ter sido inventada.
Testes de DNA, que revelariam mutações genéticas devido à evolução, poderiam ajudar a identificar o período de tempo em que uma pintura ou uma inscrição foi feita e determinar se a arte foi realmente obra do Homo sapiens ou de neandertais, que viveram cerca de 130 mil a 40 mil anos atrás.
"Seria tão fascinante identificar a autoria", afirmou a paleoantropóloga, acrescentando que a "pergunta de um milhão de dólares é: foram os neandertais que pintaram?".
Segundo von Petzinger, já há indícios de que essa espécie extinta detinha, realmente, dotes artísticos.
A paleoantropóloga se refere ao fato de alguns de seus colegas terem testado amostras de minerais que encontraram cobrindo desenhos de cavernas, datando-os de 65.000 anos, o que, para von Petzinger, aponta para que a arte por baixo seja mais antiga e, portanto, desenhada por neandertais.
Contudo, acrescentou Genevieve, o método de datação utilizado não colheu unanimidade no seio da comunidade científica, pelo que lhe ocorreu recorrer a testes genéticos para obter uma resposta definitiva.
"Os testes genéticos podem até indicar o gênero do artista e possivelmente levar a encontrar um descendente vivo", observou von Petzinger.
"Isto seria uma novidade mundial!", exclamou, não escondendo a emoção.
Von Petzinger disse que é incrivelmente grata aos colegas, ao governo espanhol e à National Geographic por estarem dispostos a acreditar em sua "ideia maluca".
A paleoantropóloga está cautelosamente otimista, visto que outros pesquisadores tiveram sucesso testando material genético encontrado em detritos no chão de cavernas na Croácia. O sucesso de colegas poderia ser conseguido por ela com a análise das substâncias da tinta.
Surge grande problema
Bolsa recebida e com tudo devidamente planejado e organizado, a pandemia do coronavírus deu uma reviravolta nos planos da paleoantropóloga.
A pesquisadora conta que voltará às cavernas, onde antes passava uma quantidade significativa de tempo fazendo trabalho de campo, apenas em 2021.
Até lá, vai mantendo contato com colegas on-line, sendo esta pausa forçada o momento ideal para os cientistas empreenderem os indispensáveis trabalhos de análise estatística, enquanto não forem possíveis as saídas de campo.