Mistério espacial: estudo aponta para existência de anéis em Marte

Quando pensamos em anéis, em seguida nos surge a imagem de Saturno, mas este não é um fenômeno exclusivo deste planeta.
Sputnik

A inclinação da órbita de Deimos, uma das luas de Marte, em relação ao equador marciano, cria a possibilidade de considerar que nosso planeta vizinho teve anéis em algum momento.

Ainda que não pareça, metade dos planetas que formam o Sistema Solar tem anéis a seu redor: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Marte poderia se somar a este grupo após novas evidências encontradas por um estudo, que se encaixam perfeitamente com as hipóteses anteriores.

Alguns pesquisadores já apontavam esta possibilidade em 2017, colocando o foco na outra lua de Marte, Fobos. Sugeriam que esta poderia ter sido formada após o impacto de um asteroide contra seu planeta anfitrião, o que espalhou matéria ao redor do mesmo, criando um anel que mais tarde se compactaria e daria origem à lua.

Com estas conclusões como antecedente, a equipe de pesquisadores à frente do estudo, encabeçado pelo astrônomo do Instituto SETI Matija Cuk, se focou naquilo que não foi observado por outros: Deimos gira em torno de Marte com uma inclinação de 1,8 graus em relação a seu equador e, além do mais, está se aproximando cada vez mais do planeta vermelho, a um ritmo de 1,8 centímetro por ano.

Mistério espacial: estudo aponta para existência de anéis em Marte

Neste ritmo, se espera que dentro de 100 milhões de anos Fobos se aproxime tanto de Marte que ultrapasse o limite de Roche e seja destruído pelas forças gravitacionais do planeta. Isto possibilitaria que os detritos espaciais formem um novo anel se aproximando de Marte, enquanto um novo Fobos, também criado como resultado deste processo, se distancie.

O estudo de 2017 dos cientistas Andrew Hesselbrock e David Minton indicava que precisamente este processo pode ter ocorrido várias vezes no passado. A nova lua Fobos, segundo os modelos de Cuk e seus colegas, poderia ter possuído uma massa 20 vezes maior que a lua atual.

Segundo Cuk, isto pode ter ocorrido depois do Intenso Bombardeio Tardio, período em que vários corpos do Sistema Solar sofreram frequentes e violentos impactos, algo que, provavelmente, teria sido capaz de destruir Deimos.

"Nossa melhor aposta é [que o fenômeno ocorreu] há aproximadamente 3,5 bilhões de anos. Isto se encaixa perfeitamente com os cálculos de Hesselbrock e Minton de quanto Marte possuía uma lua interna que contava com uma massa 20 vezes superior à de Fobos", disse o pesquisador ao portal ScienceAlert.

Quanto ao antecessor de Fobos, o novo estudo sustenta que o objeto pode ter sido destruído pela força gravitacional de Marte.

A Agência Espacial Japonesa (JAXA, na sigla em inglês) se dispõe a enviar uma sonda à área para obter amostras do solo lunar que podem confirmar ou desmentir a hipótese.

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