Durante reunião em 30 de abril, Camargo chamou o movimento negro de "escória maldita". Além disso, ironizou o Dia da Consciência Negra. O presidente da entidade também prometeu exonerar ou mandar para outro órgão funcionários "esquerdistas".
Segundo o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlo Alberto Vilhena, a fala de Camargo pode ser caracterizada como improbidade administrativa e racismo. O pedido do MPF foi protocolado na quinta-feira (4).
Na avaliação do procurador, a declaração sobre demitir quem for de esquerda revela "possível desvio de função", segundo publicado pelo jornal O Globo, ao demonstrar intenção de prejudicar servidores apenas em razão de divergências ideológicas individuais.
Além disso, Vilhena apontou que a fala sobre o movimento negro é incompatível com as finalidades institucionais da Fundação Palmares e pode ser classificado como racismo. Segundo ele, a liberdade de expressão não permite discursos de ódio.
Protesto na porta da fundação
A entidade que Camargo preside tem como missão justamente lutar contra o racismo e valorizar a cultura negra. Além disso, leva no nome referência ao Quilombo dos Palmares, que durante o período colonial abrigava homens escravizados que fugiam de fazendas na região Nordeste. Antes de assumir o cargo, Camargo chegou a dizer que a escravidão tinha sido "benéfica" para a os descendentes dos cativos.
Na manhã desta sexta-feira (5), cerca de 90 pessoas fizeram protesto na saída da Fundação Palmares contra a nomeação de Sergio Camargo para a presidência da instituição.
Além desse pedido, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Distrito Federal recebeu duas representações do movimento negro sobre as declarações. Camargo não tem foro privilegiado por prerrogativa de função em tribunais, e a procuradoria poderá acioná-lo na Justiça Federal no DF.