O presidente dos Estados Unidos requereu ao Departamento do Tesouro, à Reserva Federal, à Comissão de Valores Mobiliários (SEC) e à Comissão de Negociação de Mercadorias e Futuros (CFTC) que desenvolvessem, no prazo de dois meses, novas regras que dificultem a colocação e a circulação de títulos de empresas chinesas nas bolsas norte-americanas.
Mais um golpe
A solicitação de Donald Trump foi tornada pública através de um memorando presidencial sobre a proteção dos investidores norte-americanos e contra os riscos significativos representados pelas empresas chinesas, informa o Financial Times.
Segundo o jornal britânico, as autoridades norte-americanas estão particularmente preocupadas com o fato de o governo chinês estar impedindo as empresas de auditoria de fornecer ao Conselho de Supervisão de Contabilidade das Empresas Públicas dos EUA (PCAOB, na sigla em inglês) a documentação necessária para inspeções de auditoria das empresas listadas nos EUA.
Um procedimento contábil envolvendo este ano a Luckin Coffee, uma empresa chinesa listada nos EUA em 2019, exacerbou ainda mais essas preocupações, opina o Financial Times.
O PCAOB foi autorizado a adotar posições mais firmes em relação às empresas que não permitam que uma auditoria seja realizada.
Donald Trump ressaltou também que há décadas que as empresas chinesas utilizam as bolsas de valores norte-americanas para se financiarem.
"Precisamos de tomar medidas firmes e ordenadas para acabar com a prática chinesa de troçar dos requisitos de transparência dos EUA sem, contudo, afetar negativamente os investidores norte-americanos e os mercados financeiros", escreveu Donald Trump no memorando, citado pelo Financial Times.
Ao mesmo tempo, ele acrescentou que as autoridades chinesas não permitiram que as empresas satisfizessem as exigências de proteção dos investidores, que são obrigatórias para seus concorrentes norte-americanos. Assim, segundo Trump, Pequim reteve informações em seu benefício.
As novas regras da Nasdaq
O secretário de Estado Mike Pompeo, comentando a decisão, lembrou a recente decisão da Nasdaq de tornar mais rígidas as regras de admissão em bolsa, o que afeta cerca de um terço das empresas chinesas, refere o site da própria Nasdaq.
As novas regras exigiriam que as empresas de alguns países, incluindo a China, arrecadassem US$ 25 milhões (R$ 124,23 milhões) no momento de sua oferta pública inicial, ou pelo menos um quarto de sua capitalização de mercado.
Esta é a primeira vez que a Nasdaq atribui um valor mínimo para realização deste procedimento.
Segundo Pompeo, este passo deve servir de exemplo para todas as bolsas de valores, sejam as norte-americanas, sejam as do resto do mundo. O chanceler destacou igualmente que Donald Trump proibiu os fundos de pensões dos servidores públicos de investir em títulos chineses.
Estes novos desenvolvimentos surgem em meio a um agravamento das já por si tensas relações bilaterais entre as duas maiores economias do mundo, exacerbadas ultimamente pela pandemia e pela lei de segurança nacional imposta a Hong Kong, segundo o Financial Times.