Os EUA deixaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) apenas 11 dias depois que a administração Trump deu 30 dias à organização para realizar "melhoramentos". No entanto, apesar de oferecer uma lista de "erros" cometidos pela OMS, nunca especificou os melhoramentos, escreve no domingo (7) a revista National Interest (NI).
A saída dos EUA da OMS não melhora em nada sua situação, mas enfraquece-a no preciso momento em que necessitava de mais dinheiro para combater a propagação do novo coronavírus.
"É no interesse dos Estados Unidos e do mundo reformar, e não abandonar, a OMS", afirma o autor do artigo, Gary Edson.
Como sublinha a fonte norte-americana, a OMS é uma organização coordenadora e consultiva, não proativa, cujos participantes são eleitos pelos Estados-membros, e depende da informação fornecida por eles, o que a impede de garantir eficazmente a cooperação dos Estados e responsabilizá-los. Assim, a própria estrutura impede uma liderança eficaz, diz.
A OMS garantiu essa cooperação eficazmente durante o surto do vírus SARS em 2003, mas não durante o princípio da disseminação do SARS-CoV-2 no início de 2020, afirma a mídia.
Embora a NI aceite que a OMS tenha respondido algo tarde ao alastrar da pandemia, isso não absolve de culpa a atual administração norte-americana, que desconsiderou memorandos anteriores avisando que se poderia espalhar pelo mundo inteiro.
"A outra grande fraqueza da OMS é que ela é fortemente subfinanciada, com um orçamento para 2020-2021 de US$ 4,8 bilhões (R$ 23,8 bilhões), semelhante ao de um grande hospital dos EUA."
"Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de um quinto de seu financiamento, enquanto, até a pandemia, a China contribuiu com cerca de 1%, o que dificilmente a torna uma organização sinocêntrica", avalia, mencionando o anúncio por parte da China que iria injetar US$ dois bilhões (R$ 9,89 bilhões) depois da saída dos EUA da organização, tornando-a o maior contribuinte para o órgão.
Além disso, comenta, a própria estrutura de financiamento, 80% do qual vem de contribuições avaliadas ou cotas e doações voluntárias, previne o controle do dinheiro existente.
Soluções propostas
A OMS precisa de ser reformada com maior porção de contribuições avaliadas, o que lhe permitiria responder melhor a crises sanitárias, sugere a NI.
A União Europeia e o Japão poderiam usar o G7 e G20 "para encarregar o secretário-geral da ONU de nomear uma comissão de alto nível para recomendar reformas, com vista a capacitar a OMS com a autoridade e os recursos necessários para combater esta pandemia – e a próxima", recomenda Edson, podendo a comissão ser dirigida por antigos líderes de organizações tais como o Banco Mundial e o Fundo Global de Combate à HIV, Tuberculose e Malária.