A economia mundial deverá contrair 5,2% este ano - a pior recessão em 80 anos -, mas o grande número de países que sofrem perdas econômicas significa que a escala da desaceleração é pior do que qualquer recessão em 150 anos, disse o BM em seu último relatório Global Economic Prospects.
"Essa é uma perspectiva profundamente preocupante, com a crise provavelmente deixando cicatrizes duradouras e colocando grandes desafios globais", avaliou Ceyla Pazarbasioglu, vice-presidente de crescimento equitativo, finanças e instituições do BM.
A profundidade da crise levará de 70 a 100 milhões de pessoas à extrema pobreza - pior do que a estimativa anterior de 60 milhões, contou ela a repórteres.
E enquanto o credor do desenvolvimento de Washington projeta uma recuperação para 2021, existe o risco de que uma segunda onda de surtos possa minar a recuperação e transformar a crise econômica em uma financeira que sofrerá uma "onda de inadimplência".
Os economistas têm lutado para medir o impacto da crise que compararam a um desastre natural global, mas o tamanho do impacto em tantos setores e países tornou difícil o cálculo e fez previsões sobre qualquer recuperação altamente incertas.
No pior cenário, a recessão global pode significar uma contração de 8%, de acordo com o relatório. Mas Pazarbasioglu alertou que, "diante dessa incerteza, é muito provável que ocorram mais rebaixamentos nas perspectivas".
Exportadores como o Brasil perderão mais, alerta banco
Embora a China esteja quase sozinha em ver um crescimento modesto neste ano, a profundidade da desaceleração na segunda maior economia do mundo dificultará as perspectivas de recuperação nos países em desenvolvimento, especialmente os exportadores de commodities, alertou o BM.
Embora a China veja o PIB subir apenas 1%, disse o BM, o restante das previsões é sombrio: EUA -6,1%, zona do euro -9,1%, Japão -6,1%, Brasil -8%, México -7,5% e Índia - 3,2%. E as coisas podem piorar, o que significa que as previsões serão revistas ainda mais, alertou o banco.
Permanecem alguns riscos "excepcionalmente altos" para as perspectivas, principalmente se os surtos atuais persistirem ou se recuperarem, fazendo com que as autoridades reimponham restrições que podem tornar a crise tão ruim quanto 8%.
"Interrupções nas atividades enfraqueceriam a capacidade das empresas de permanecer em operação e pagar suas dívidas", alertou o relatório.
Isso, por sua vez, poderia aumentar as taxas de juros para os tomadores de maior risco. "Com os níveis de dívida já em patamares históricos, isso poderia levar a problemas em cascata e crises financeiras em muitas economias".
Porém, mesmo que a recuperação global de 4,2% projetada para 2021 se concretize, "em muitos países, recessões profundas desencadeadas pela COVID-19 provavelmente pesarão na produção potencial nos próximos anos".