O mundo poderia ter mais centenas de milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus se não fossem as medidas de contenção adotadas pelos governos, relata o portal Science Alert.
Após examinar 1.717 medidas de prevenção na China, Coreia do Sul, EUA, França, Irã e Itália, um estudo norte-americano publicado na segunda-feira (8) na revista Nature concluiu que as políticas implementadas por Pequim evitaram a infecção de 285 milhões de pessoas na China, número mais de 3.000 vezes superior aos 84.198 registrados pela Universidade de Johns Hopkins, EUA, e igual a cerca de 20% da população.
Particularmente importante foram as políticas sanitárias em Wuhan, o lugar a partir do qual se acredita que o vírus se espalhou, que preveniram dezenas de milhares de infecções na província de Hubei de que faz parte.
Os pesquisadores acrescentaram que "aparentemente pequenos atrasos na implantação de políticas provavelmente produziram resultados de saúde drasticamente diferentes".
Como exemplo, se os EUA tivessem implementado as medidas de proteção uma a duas semanas antes, poderiam ter evitado 645.000 infecções e 36.000 mortes. No entanto, sem quaisquer medidas, o país teria sofrido até mais 60 milhões de casos, ou cerca de 20% da população, ao contrário dos quase 2 milhões agora registrados pela universidade norte-americana.
Outros dados
Outro estudo concluiu que com o lockdown a Itália preveniu 200.000 hospitalizações, entre 21 de fevereiro (data de primeiro caso no país) e 25 de março, e 630.000 mortes entre março e 4 de maio, segundo outra pesquisa publicada na segunda-feira (8). No entanto, o estudo dos EUA crê que medidas mais prematuras teriam prevenido ainda mais infecções no país europeu.
Um outro estudo de abril apresentou a conclusão que as medidas de lockdown reduziram a transmissão de vírus por cada pessoa para uma média de uma pessoa ou menos.
"A implantação de políticas anticontagiosas em todos os seis países retardou significativa e substancialmente a pandemia", escreveram os pesquisadores.
No total, as medidas de isolamento teriam prevenido umas 54 milhões de infecções no Irã, 49 milhões na Itália, 45 milhões na França e 38 milhões na Coreia do Sul, centenas de milhares de mortes na Alemanha, Espanha e Reino Unido cada, e dezenas de milhares de mortes na Dinamarca, Noruega e Suécia cada.
"Não podemos dizer com certeza que as medidas atuais continuarão a controlar a epidemia na Europa", advertiram os autores do estudo. "Mas se as tendências atuais continuarem, há motivos para otimismo."