Por-Bazhyng é o nome das ruínas de uma antiga fortaleza de adobe, localizada em uma pequena ilha do lago Tere-Khol, em uma das zonas mais inacessíveis da República de Tuva, na Rússia.
A estrutura arqueológica foi pesquisada pela primeira vez em 1891 pelo geógrafo e etnógrafo russo Dmitry Klements, segundo a Sociedade Geográfica Russa (RGO, na sigla em russo).
Entre 1950 e 1960, um arqueólogo chamado Sevian Weinstein realizou as primeiras escavações no local e descobriu que a fortaleza foi construída durante o terceiro Canato Uigur no século VIII. No entanto, a escavação não permitiu estabelecer a data exata da construção do monumento.
Entre 2007 e 2008, novas escavações em grande escala foram realizadas no território da fortaleza. Arqueólogos então descobriram um fato curioso sobre a estrutura: jamais havia sido utilizada. Por esse motivo os dados sobre sua construção eram escassos.
No entanto, uma pesquisa recente com métodos modernos possibilitou estabelecer não apenas o ano, mas também estação em que sua construção foi iniciada: no verão boreal de 777.
Além disso, os arqueólogos esclareceram que a construção durou dois anos, sendo concluída no verão de 779.
Ao determinar a data exata do surgimento do monumento, foi possível entender o motivo de a construção nunca ter sido utilizada. A resposta para este mistério está no contexto histórico.
Durante os anos 770, o Império Uigur sofreu uma reforma religiosa impulsionada pelo seu líder, que adotou o maniqueísmo. Em 779 ocorreu um golpe antimaniqueísta e o governante foi assassinado.
Os arqueólogos acreditam que Por-Bazhyng, na realidade, não tinha um propósito defensivo, como se pensava anteriormente, mas, sim, religioso. Era um monastério maniqueísta.
"Se o monastério foi construído às vésperas do golpe, então os governantes anteriores simplesmente não tiveram tempo para usá-lo, e, para o novo governo, a construção já não era mais necessária. Isto explica o mistério principal de Por-Bazhyng nunca ter sido utilizada", afirmou o subdiretor do Instituto de Geografia da Academia de Ciências da Rússia, Andrei Panin.