"Objetivo do setor no Brasil é retomar todas as rotas que operavam antes da pandemia. É claro nós não conseguimos prever o volume de frequência, quantos voos teremos em cada uma das rotas. Porque a expectativa não é de retomada integral da demanda como tínhamos antes da crise. Devemos ter um percentual de voos menor, procurando atender as mesmas rotas, talvez com um número menor de voos diários", afirmou o presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Eduardo Sanovicz.
Nesta semana, a companhia chileno-brasileira Latam anunciou que estava retomando a partir de junho suas operações, reduzidas em 95% desde abril devido às restrições de deslocamento geradas pela pandemia da COVID-19.
A Latam passará a operar 9% de sua capacidade no Brasil, ao invés de 5%, o que significa reabrir quatro rotas internacionais e 74 domésticas.
'Queima é infinitamente menor'
A Gol, por sua vez, anunciou no mês passado que, a partir de junho, o plano de retomada contaria com 16 rotas, chegando a 100 voos diários, aumento de 32 em relação aos 68 realizados em maio.
Segundo Sanovicz, o momento é "duríssimo", a "maior crise vivida pela aviação como nós a conhecemos". No entanto, ele diz que o aumento da capacidade operacional já representa um grande alívio para o setor. Além disso, elogia os "programas bastante eficientes de redução de custos" das empresas, "a fim de poder atravessar essa crise da melhor forma possível".
"O cálculo que fizemos no início da crise era de que tínhamos uma queima de caixa diária de quase R$ 45 milhões. Hoje, com esse malha essencial operando, a queima é infinitamente menor", afirmou.
De acordo com o presidente da Abear, as restrições causadas pela pandemia provocaram uma queda de 92% no tráfego doméstico e de 100% no internacional.
"Em um segundo momento, operando uma malha mínima, que chamamos de essencial, hoje ao redor de 270 voos diários, contra quase 2.700 no pico, conseguimos manter todo o país conectado, principalmente para o transporte de carga", disse o especialista.
Novas regras sanitárias
Sanovicz elogia o trabalho realizado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) na coordenação da retomada, e explica que novos protocolos sanitários foram estabelecidos conjuntamente com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A partir de agora, os aeroportos e voos terão regras sanitárias mais rígidas. Entre as principais medidas, segundo o especialista, estão: uso de máscaras o tempo todo, tanto no aeroporto quanto nos voos; filtro das aeronaves ligado constantemente para renovar o ar a cada três minutos; check-in sem troca de documentos entre funcionários e passageiros; revisão de serviços de bordo; e distanciamento social no embarque e desembarque.
"A Anac foi extremamente parceira e proativa nesse processo. A implementação da malha mínima essencial que agora está operando no Brasil, a construção dos protocolos sanitários, tudo isso foi feito em parceria e sob orientação da Anac, e coube a Anac convidar para esse debate a Anvisa, o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e outros órgãos, que somaram e participaram da construção de um ambiente que está nos permitindo, embora de forma extremamente difícil, sobreviver, passar pela crise e apostar fortemente que sairemos todos do outro lado", afirmou Eduardo Sanovicz.