Irã ameaça e pede que agência nuclear da ONU ignore relatório apresentado por Israel

O Irã pediu ao órgão de controle nuclear internacional que mantenha a neutralidade e se abstenha de decisões "não-construtivas" com base em um relatório tendencioso da inteligência israelense que mostraria uma suposta violação de Teerã do seu acordo nuclear internacional.
Sputnik

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se reuniu nesta segunda-feira (15) para discutir um relatório alegando que Teerã está violando o Plano Conjunto de Ação Integral (JCPOA), ao seguir enriquecendo urânio além do nível acordado. O Irã alega que os dados foram fornecidos pela Mossad.

Caso a Assembleia de Governadores da AIEA seja envolvida por "manufaturas israelenses" subjacentes a um relatório recente que alegava que o Irã estava violando os termos do acordo nuclear de 2015, "complicaria a cooperação do Irã com a agência", alertou Abbas Mousavi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (15), conforme relatado pela agência Tasnim, sugerindo uma "reação proporcional".

"Eles provavelmente podem adivinhar qual será a reação do Irã", comentou Mousavi.

O funcionário iraniano exortou a AIEA a manter a neutralidade em vez de agir sobre "alegações feitas pelo regime sionista", citando a longa história de Israel de produzir alegações infundadas sobre as atividades nucleares do Irã e alertando a agência contra a emissão de qualquer resolução contra o Irã em reação ao relatório.

O documento afirma que o Irã "durante meses bloqueou inspeções em dois locais onde a atividade nuclear pode ter ocorrido no passado", continuou a aumentar seu estoque de urânio e elevou os níveis de enriquecimento além dos limites estabelecidos pelo acordo nuclear JCPOA. Israel exige que "sanções paralisantes" sejam aplicadas à República Islâmica em resposta.

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No entanto, o Irã só começou a exceder os termos do JCPOA um ano depois que os EUA se retiraram do acordo e reposicionaram unilateralmente as sanções incapacitantes em 2018, apesar do Irã estar naquele momento em total conformidade com os termos do documento, e os outros signatários se recusaram a confrontar os EUA para manter as medidas do acordo.

O Irã rejeitou todas as alegações de não conformidade com a AIEA, e Mousavi pediu à agência que baseie suas ações em fatos legais, e não nas reivindicações de atores internacionais obviamente tendenciosos.

Mousavi apontou que ceder à "pressão" dos EUA e Israel e punir o Irã com base nas reivindicações do relatório equivale a reabrir uma investigação sobre "possíveis dimensões militares" do programa nuclear do Irã que foi resolvido a favor do país em 2015. A AIEA na época concluiu que o Irã nunca desviou suas atividades nucleares pacíficas, apesar de alegações espúrias do contrário.

O porta-voz iraniano também criticou as ameaças americanas de estender um embargo de armas que deve expirar em outubro, apontando que Washington não era mais signatário do acordo nuclear JCPOA e, portanto, não tem legitimidade legal para estender a proibição. Uma extensão do embargo seria como cruzar uma "linha vermelha", alertou.

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