O jornal O Estado de São Paulo teve acesso ao manifesto originalmente enviado pelos militares no sábado (13) e divulgou seu conteúdo. O manifesto é assinado por militares da reserva da Marinha, Aeronáutica e Exército.
No texto, os 78 oficiais militares da reserva apontam descontentamento com o decano do STF e afirmam que "nenhum militar deixa de fazer do seu corpo uma trincheira em defesa da Pátria e da Bandeira".
O texto também ressalta a capacidade de decisão dos militares, o mérito dos generais e a hierarquia militar. O manifesto é assinado por 12 brigadeiros, cinco almirantes e três generais.
O documento ainda faz alusão ao uso de "palavreado enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de faculdade", que seria utilizado por membros de poderes, supostamente o Judiciário.
O texto afirma ainda que nenhum general mereceria ser chamado de "general de m****". A frase pode remeter a um áudio que circulou em 2019 atribuído ao senador Telmário Mota (Pros-RR) em que o senador teria se referido dessa maneira ao general Eduardo Pazuello, atual ministro interino da Saúde, conforme lembra o site O Antagonista. Pazuello, à época, coordenava a Operação Acolhida, que recebeu venezuelanos refugiados em Roraima.
O manifesto dos militares da reserva vem a público em meio a críticas do presidente brasileiro Jair Bolsonaro em relação à decisão do ministro Luiz Fux de publicar uma liminar que afirma que as Forças Armadas não são um poder moderador na República.
Celso de Mello é o relator do inquérito que envolve o ex-ministro Sergio Moro e o presidente Bolsonaro, acusado por Moro de interferência política na Polícia Federal.
Essa não é a primeira vez que cartas de militares da reserva circulam. Em maio deste ano, após o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, citar "consequências imprevisíveis" caso o celular de Bolsonaro fosse apreendido em inquérito no STF, militares estenderam solidariedade "total e irrestrita" a Heleno e citaram a possibilidade de uma guerra civil no Brasil.