Os Estados Unidos decidiram apresentar candidato próprio à presidência da instituição, medida que pode resultar na quebra de uma tradição de seis décadas. O BID sempre foi presidido por latino-americanos.
De acordo com o jornal O Globo, a medida vai na contramão das expectativas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que pretendia lançar um nome brasileiro para presidir a entidade. O periódico afirma que os Estados Unidos iriam apoiar o nome brasileiro na eleição.
O presidente do BID precisa ter o voto de ao menos 15 dos 26 países que fazem parte da organização. Estes 15 países precisam, também, ter pelo menos 30% do capital do banco. Estados Unidos (30%), Brasil (11%) e Argentina (11%) são os principais acionistas.
Para o professor de Relações e Negócios Internacionais na Universidade Presbiteriana Mackenzie Francisco Cassano, Brasil e Estados Unidos devem unir forças para combater a candidatura da Argentina.
"O interesse brasileiro é de impedir que a candidatura argentina, com apoio do México, possa assumir o BID e realçar o poder da esquerda latino-americana. Como a indicação norte-americana também segue essa mesma linha de pensamento, e como Trump recebeu advertência escrita do Congresso norte-americano sobre a aproximação com o Brasil, fica evidente que as chances do candidato norte-americano são muito maiores", diz Cassano.
Em 2019, o BID aprovou 106 operações de financiamento com um valor total de US$ 11,3 bilhões. Os projetos envolvem diversos setores como educação, saúde, transportes e agricultura. No Brasil, o BID contribuiu, entre outros projetos, para o programa de mobilidade urbana sustentável de Curitiba.
Para o analista ouvido pela Sputnik Brasil, a decisão dos Estados Unidos de não mais apoiar um nome brasileiro não significará um afastamento entre os dois países.
"A decisão de lançar um candidato norte-americano à presidência do BID tem um caráter geopolítico estratégico que transcende as relações com o Brasil e não coloca a amizade em risco", diz Cassano.
O professor Universidade Presbiteriana Mackenzie também afirma que o BID deverá "disponibilizar recursos para a recuperação pós-pandemia".